Apocalipse 13 é um dos mais
fascinantes se misteriosos capítulos de toda a Bíblia. Esse capítulo é singular
para a nossa época, porque não identifica países definidos por fronteiras; em
vez disso, ele fala do mundo inteiro – um mundo global. Essa mensagem
simplesmente ignora que o planeta Terra é dividido em cinco continentes e
aproximadamente 200 nações. Ele ignora que essas nações são diversas, falam
línguas diferentes, têm diferentes culturas, praticam várias religiões, têm seus
próprios costumes e festejam seus próprios feriados. Apocalipse 13 ignora tudo
isso e simplesmente nos revela um mundo único no final dos tempos: uma Nova
Ordem Mundial para todas as pessoas do planeta Terra.
Sabemos que uma situação
dessas seria impossível um século atrás. O mundo era muito diversificado e
dividido por fronteiras nacionais, mantidas por forças militares. Mas, hoje em
dia, está acontecendo uma coisa que nunca aconteceu antes: a corrida em direção
ao globalismo.
Durante a crise financeira internacional,
o globalismo atravessou um terreno instável, em que as nações tentaram
desesperadamente cuidar de si mesmas. Neste contexto, o protecionismo tornou-se
uma questão séria para o mundo. Mas tudo isso é temporário. Não devemos jamais
permitir que nossa visão da profecia bíblica seja obscurecida pelas
circunstâncias atuais. No fim das contas, o mundo precisa, e irá, se tornar um.
Essa é uma sentença irrevogável da profecia bíblica.
Apocalipse 13 mostra o
resumo do sucesso fraudulento de Satanás, o deus deste mundo e príncipe das
trevas que dominou o planeta Terra com suas artimanhas. Esse capítulo da Bíblia
fala de política, comércio e religião; tudo junto. A autoridade terrena é o
Anticristo; seu poder é absoluto. Ninguém pode existir no planeta Terra se não
tiver a marca da besta.
Os 18 versículos de
Apocalipse 13 são uma mensagem compacta sobre o final dos tempos, destacando
três identidades principais:
1. O dragão;
2. A primeira besta, que é o
Anticristo; e
3. A segunda besta, que é o
falso profeta.
Trindade
e criação
O dragão, a primeira e a
segunda besta são uma imitação da Trindade de Deus. Sua tarefa é a criação de
duas coisas específicas: 1. A imagem da besta; e 2. A marca da besta.
Enquanto Deus criou o homem
à sua imagem e lhe ordenou que sujeitasse a terra, a trindade do mal cria a
imagem e a marca da besta para sujeitar o homem. O propósito de Satanás é
tornar o homem sujeito à sua autoridade. Satanás quer ser Deus. Essa, em
resumo, é a história da humanidade.
Introdução
à revelação de Jesus Cristo
A mensagem desse capítulo
precisa ser entendida, estudada e analisada no contexto de todo o livro do
Apocalipse.
O livro começa com:
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as
coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu
anjo, notificou ao seu servo João” (Apocalipse 1.1); e termina com: “A graça do
Senhor Jesus seja com todos” (Apocalipse 22.21). Ele é, portanto, a Revelação
de Jesus Cristo.
Os três primeiros capítulos
revelam o Senhor exaltado e suas mensagens para sete igrejas especificadas por
seus nomes. Essas igrejas são geográfica e historicamente identificáveis. São
igrejas reais, existentes na terra.
Céu
aberto
Então, no capítulo 4, algo
diferente acontece: “Depois destas coisas, olhei, e eis não somente uma porta
aberta no céu, como também a primeira voz que ouvi, como de trombeta ao falar
comigo, dizendo: Sobe para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois
destas coisas” (v. 1). Agora, o lugar do evento é o céu. O texto menciona
especificamente que João recebeu ordem de subir “para aqui” a fim de ver e
transcrever “o que deve acontecer depois destas coisas”.
Fora
deste mundo
Ao lermos o livro de Apocalipse,
é importante entender que esta é uma mensagem vinda do céu. João está na
presença do Senhor, no céu. Estamos diante de algo que, literalmente, não é
deste mundo, mas é endereçado às pessoas da terra, particularmente àqueles que leem
e ouvem: “Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles que ouvem as palavras da
profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo”
(Apocalipse 1.3).
Coisas
físicas terrenas e coisas físicas espirituais
Ao lermos o livro de
Apocalipse como crentes em Cristo, precisamos pedir sabedoria para distinguir
entre coisas físicas terrenas e coisas físicas espirituais.
Aqui está um exemplo: No
capítulo 1, encontramos uma descrição do Senhor:
“Voltei-me para ver quem
falava comigo e, voltado, vi sete candeeiros de ouro e, no meio dos candeeiros,
um semelhante a filho de homem, com vestes talares e cingidas, à altura do
peito, com uma cinta de ouro. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã,
como neve; os olhos, como chama de fogo; os pés, semelhantes ao bronze polido,
como que refinado numa fornalha; a voz, como voz de muitas águas. Tinha na mão
direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes. O
seu rosto brilhava como o sol na sua força” (v. 12-16).
João é incapaz de descrever
o que está vendo, senão através de definições metafóricas. Observe as palavras
“semelhante” e “como”. Os seus cabelos eram brancos “como neve”; seus olhos,
“como chama de fogo”; seus pés “semelhantes ao bronze polido, como que refinado
numa fornalha”; a sua voz “como voz de muitas águas”. Se deixarmos nossa
imaginação correr solta, construiremos uma figura delirante: um homem com
cabelo branco, com labaredas saindo dos olhos, pés pegando fogo, e com uma voz
parecendo as Cataratas do Niágara. Esses pensamentos nos levam a uma imagem
distorcida da realidade espiritual que o autor tenta transmitir no livro de
Apocalipse.
Vejamos alguns outros
exemplos.
Irreal,
em termos terrenos
No capítulo 5, lemos estas
palavras: “... eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu...” (v.
5). No verso 6, lemos: “... entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo
sido morto...”. Obviamente, o Senhor não havia se transformado num animal, num
cordeiro, e nem num leão. Ele é aquele que Isaías descreve: “Porque um menino nos
nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome
será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”
(Isaías 9.6).
Mas, novamente, acho que
todos nós concordamos que uma criança não poderia ser chamada de “Conselheiro,
Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz”. Sob o ponto de vista
intelectual, não faz o menor sentido. Assim, precisamos nos lembrar do que diz
1 Coríntios 2.14-15: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo
não é julgado por ninguém”.
A
besta de sete cabeças
Do mesmo modo, não faz
sentido presumir que a besta sobre a qual lemos em Apocalipse 13 seja um animal
desconhecido que tem sete cabeças e dez chifres. Se deixarmos essas fantasias
entrarem na nossa mente, imaginando a figura de um monstro, teremos dificuldade
em entender o significado espiritual realista dessa profecia.
Apocalipse 13 pode ser
difícil de entender, mas isso não altera o que está escrito em 2 Timóteo 3.16:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção, para a educação na justiça”. Com essas palavras, temos a
garantia da confiabilidade da Bíblia e recebemos instruções para estudar
criteriosamente o conteúdo da Bíblia; neste caso, o livro de Apocalipse.
Toda
a terra
Em particular, este capítulo
se aplica à época em que vivemos por causa das palavras que identificam o
globalismo: “toda a terra” (v. 3); “cada tribo, povo, língua e nação” (v. 7);
“adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra” (v. 8); “a terra e os seus
habitantes” (v. 12). Essas palavras apontam claramente o que está acontecendo
em nossos dias. “Toda a terra” significa o mundo inteiro, e essa é a
característica do globalismo.
É mais do que evidente que
isso não poderia ter acontecido 100 ou 200 anos atrás. Naquela época, seria
impossível para o mundo se unir, ser governado por um único líder ou ter um
sistema econômico que monopolizasse o planeta Terra. Pensar em uma religião unificada
que fizesse com que “todos os que habitam sobre a terra” adorassem a besta era
algo completamente fora de cogitação.
A
nova interdependência
Até há pouco tempo, as
nações tinham independência. Cada uma delas precisava zelar pela segurança de
suas fronteiras e estabelecer novas, na maioria das vezes pelo uso da força.
Elas tinham que cuidar de sua economia, finanças e religião, independentes umas
das outras. Mas, hoje em dia, isso já não acontece. Praticamente tudo se tornou
uma questão global. Tudo o que acontece em outros países, afeta o nosso. A
independência foi substituída pela interdependência. O motivo disso é bastante
razoável. Por exemplo, para fazer voos para a Europa, os Estados Unidos tem que
pedir permissão ao Canadá para cruzar seu espaço aéreo. Pense só em países
interiores, como a Suíça. O que aconteceria se seus aviões não pudessem voar
por cima dos outros países? A interdependência é um resultado natural do avanço
tecnológico.
Comunicação
A comunicação entre as
nações também era limitada. Os países falavam línguas diferentes. A tradução só
estava ao alcance das classes superiores. Ninguém sabia realmente o que estava
acontecendo no país vizinho. A única informação disponível era aquela fornecida
por seus respectivos líderes.
Hoje em dia, podemos nos
comunicar com o mundo todo a qualquer hora. Ondas de rádio, telefone, satélites
e cabos interconectaram os continentes. Praticamente todas as pessoas podem se
comunicar com qualquer um a qualquer hora.
Transporte
E o que dizer dos
transportes? As possibilidades eram bastante limitadas antes de 1900. Os
transportes terrestres dependiam da tração animal: cavalo, jumento, camelo,
etc. Essa forma de viajar extremamente desconfortável provocava dores nas
costas, era muito cansativa e expunha o viajante a grandes perigos. Até mesmo
um rei não conseguia percorrer mais do que alguns quilômetros por dia. Além
disso, não havia estradas pavimentadas que permitissem uma viagem com um mínimo
de conforto. Fora dos vilarejos e cidades, não havia ruas pavimentadas nem
rodovias de concreto. As viagens dependiam das condições meteorológicas. Ao
tentar ir de um lugar ao outro, o viajante podia ficar retido por vários dias
por causa da chuva, por exemplo. As pontes eram poucas. No calor do verão,
deveria ser insuportável viajar por aquelas estradas quentes e poeirentas,
através de densas florestas, sujeito a todo tipo de perigo a cada curva. Cruzar
os oceanos era se arriscar num barquinho de madeira, dependendo dos ventos para
se mover e esperando que eles soprassem na direção certa. Histórias sobre as
antigas viagens marítimas ficaram registradas para nós no Livro dos Atos. Hoje,
podemos praticamente dar a volta ao mundo em 24 horas. Um percurso de 50 km
numa cidade não é nada incomum. Muitos fazem isso diariamente.
Portanto, quando lemos na
Bíblia sobre uma sociedade política, econômica e religiosa global,
compreendemos que só nos nossos dias é que essas coisas são possíveis. Estamos
vivendo na época em que essas coisas podem se cumprir.
Espero que esta breve
introdução prepare o palco para nosso estudo a respeito desse capítulo singular
– Apocalipse 13 – e transmita ao nosso coração a mensagem de que esta é
realmente a preparação para a última vitória de Satanás!
Autor: Arno Froese, copilado
por Elimar G. Alves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário