Rev. Elimar e Pra Erica Gomes

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Em 2 Samuel 12: 8 poderia muito bem sugerir que Deus aprova a prática da poligamia?

Minha esposa me interpelou hoje pela manha acerca do texto de 2 Sm 12:8 e por isso resolvi escrever o que penso a respeito do texto.

 Para oferecer uma perspectiva adicional para esta questão muito importante, digo "significativo" que se pode legitimamente questionar a um Deus que aprova a prática da poligamia e declara-lo como mais um falso deus nesta celeuma de deuses apresentados ao homem nos tempos atuais. Mas o verdadeiro Deus não aprova, embora vemos Ele tolerando tal prática. 

No texto em epígrafe, o Senhor, falando através do profeta Natã, disse ao rei Davi: ’’Eu te dei a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em seus braços, e eu te dei a casa de Israel e Judá; e se isso fosse pouco, eu teria acrescentado-lhe muito mais coisas como essas’’.

Pelo valor de face, esta passagem bíblica parece sugerir que Deus deu a Davi várias esposas, e ainda estava pronto para adicionar ao seu harém com sanção divina quantas mais ele quisesse. Claro, isso é precisamente o problema com a expressão da Escritura que nos põe em um labirinto de maneira literal, porque, na verdade, se as palavras de Natã são qualquer coisa, elas são no minimo irônicas. Davi tinha ‘’apenas’’ assassinado um homem, a fim de ter outra mulher anexado ao seu harém. Apesar da generosidade do próprio Deus, que é o soberano da terra, o rei havia roubado a esposa de um servo seu, servo este tido como um ‘’valente de Davi’’  e que, para satisfazer seu desejo carnal, o assassinara. Assim, em uma linguagem que pingava com ironia, o profeta Natã pronuncia julgamento contra o rei de Israel. Como tal, 2 Samuel 12 dificilmente constitui aprovação divina para a prática da poligamia.

E este não é um caso singular. Tal como acontece com Davi, Salomão, seu filho, fez extravagâncias na multiplicação não só de cavalos e outros animais, mas multiplicando para si esposas, e isso foi um fator significativo para o desenrolar de seu reino. Quem pode esquecer a advertência explícita de Moisés, em Deuteronômio 17:17: Não multiplicar esposas ou seu coração será desviado! Se isto se aplica aos grandes reis de Israel, quanto mais os assuntos do reino. Além disso, o casamento monogâmico é claramente ensinado em Gênesis (2:22-24), e depois reiterado pelo próprio Cristo atraves do Apostolo Paulo em 1 Tm 3:2 e varios outros textos neotestamentários. De fato, Jesus passou a dizer que, "qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério" (Mateus 19: 9), mas a despeito dessa suposta razão para o divorcio, logo em seguida o próprio Jesus afirma que no principio não era assim, sugerindo que na realidade mesmo havendo impureza carnal, o melhor é relevar, perdoando, uma vez que Jesus diz ...perdoai e sereis perdoados Lc.6:37. Não só isso, mas o casamento é uma analogia para a relação que Deus tem com o seu povo, com a Igreja, o Seu único noivo Jesus Cristo.

Além disso, a leitura da Bíblia para que todo seu valor seja alcansado envolve reconhecimento de que as narrativas da Bíblia são muitas das vezes descritivo ao invés de prescritivo. O fato de que a Escritura revela os patriarcas com todas as suas verrugas, cicatrizes, pintas e rugas é para nos avisar de suas falhas, não é para nos ensinar a imitar suas práticas. Longe de pintar o comportamento poligâmico de Davi como correto, a Bíblia revela que, como resultado de seu pecado, a espada jamais saiu de sua casa.

Finalmente, deixe-me dizer isto; Como Moisés permitiu o divórcio por causa da dureza do coração dos homens, sendo tolerado por Deus, assim também o próprio Deus tolerou a poligamia por causa da teimosia insolente da humanidade. De fato, Deus faz com que até mesmo a ira do homem seja capaz de agradá-Lo. Assim, em Seus propósitos soberanos, ele poderia muito bem ter tolerado a prática da poligamia com o propósito de proporcionar estabilidade econômica e de segurança para as mulheres presas dentro dos limites de uma sociedade patriarcal, ressaltando o fato de que devido as muitas batalhas daquela epoca, muitas mulheres ficavam viuvas muito cedo. No entanto, como a história da redenção revela, Deus não simplesmente deixa o Seu povo, onde eles estão, mas  Ele se move para santificá-los. No esplendor das Escrituras, as mulheres são elevadas a partir dos limites de uma sociedade patriarcal ao status de igualdade ontológica completa com os homens. Como tal, o apóstolo Paulo de forma definitiva, diz assim: como não há escravos nem livres, assim também não há homem ou mulher, mas todos são um em Cristo (Gl 3:26-28). De fato, pode-se bem dizer que as palavras de Paulo em Efésios 5 têm enobrecido e conferido poder às mulheres onde elas são consideradas co-trabalhadores em Cristo com os mesmos homens que são instruídos a abandonar os seus direitos para com elas instruindo os mesmos a amá-las.

Não podemos nos esquecer a grande diferença que há entre a forma como Deus se manifesta no Velho Testamento e a forma como Ele se manifesta no Novo.

No Velho o homem era condenado se pego na prática do pecado, um exemplo claro é a questão do adultério, pois só se apedrejaria um homem e uma mulher caso eles fossem pegos durante a pratica da conjução carnal entre ambos, boatos, denuncias não evidenciavam a pratica do adultério, enquanto no Novo, Jesus disse em Mt 5:28 que só o fato de olhar e pensar já se cometeu o adultério. Provando que quem de fato julga o homem não é outro homem e sim o próprio Deus Onisciente que vê todas as coisas no céu, na terra e no inferno.

Ao explicarmos essa diferenca entre a forma de Deus trabalhar em ambos os testamentos não sugere que Deus muda em sua concepção, e sim evidencia o tamanho da sua misericordia para com a humanidade. Num temos a lei ditando os procedimentos do homem e noutro a Graça evidenciando nosso relacionamento direto com o Deus. O véu do templo foi rasgado! Aleluias, agora temos acesso ao Santissimo lugar.

Na lei para ser pecado necessitava de se provar a transgressão de algo definido como certo e na graça a própria conciencia é que nos julga primeiro, lembra do texto, ...se julgarmos a nós mesmos não seremos julgados de  1Co 11: 28-31?

Abrace os ensinamentos revelados ao homem atraves da Biblia e viva feliz consigo mesmo e com o Criador!

No amor de Cristo.

Rev. ELIMAR GOMES ALVES
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