Rev. Elimar e Pra Erica Gomes

segunda-feira, 30 de março de 2020

Apocalipse, Uma Mensagem Urgente Para a Igreja


Apocalipse 1.1-8


INTRODUÇÃO

1. Dois fatores contribuem para que muitos crentes evitem o livro de Apocalipse:

a) A idéia de que ele é um livro selado, que trata de coisas encobertas


- Na verdade o livro de Apocalipse é oposto disto. Apocalipse significa tirar o véu, descobrir, revelar o que está escondido. A ordem de Deus é: "Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo" (22:10). As coisas que em breve devem acontecer mostra que há uma tensão entre o futuro imediato e o mais distante; o mais distante é visto como que transparecendo do imediato. O Cordeiro é o executor do deve acontecer. Há duas atitudes em relação à segunda vinda: 1) Quem se acomoda diz: "Onde está a promessa da sua vinda?" 2) "Estai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo".

b) A idéia de que ele é um livro que fala de catástrofe, tragédia e caos


- Esse é o significado da palavra hoje. Tornou-se sinônimo de tragédia. Mas Apocalipse não fala de caos, mas do plano vitorioso e triunfante de Cristo e da sua igreja.

I. O TÍTULO DO LIVRO DE APOCALIPSE

1. O Apocalipse é um livro aberto e não fechado


• A palavra "Apocalipse" significa descoberta, sem véu. Revelação não é especulação humana, é a Palavra de Deus e o testemunho fiel (v. 2). Ele revela o plano vitorioso, triunfante de Cristo e da sua igreja. Sua vitória absoluta contra todos os seus inimigos: a Meretriz, a besta, o falso profeta, o dragão, os incrédulos, a morte. O Apocalipse mostra que o último capítulo da história não será de tragédia, mas de uma retumbante vitória do Cordeiro de Deus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

• Apocalipse é um livro aberto em que Deus revela seus planos e propósitos para a sua igreja.

2. O Apocalipse não é revelação apenas das últimas coisas, mas sobretudo do Cristo vencedor e glorioso


• O Apocalipse não fala tanto de fatos, mas de uma pessoa. Apocalipse é fundamentalmente a revelação de Jesus Cristo (v.1), e não apenas de eventos futuros. Você não pode divorciar a profecia da Pessoa de Jesus. Apocalipse não é revelação de João, mas revelação de Jesus Cristo a João.

• Cristo veio ao mundo para revelar o Pai (Jo 17:6). No Apocalipse é o Pai quem revela a Jesus (Ap 1:1). E como o revela? Como o servo lavando os pés dos discípulos? Como uma ovelha muda que vai para o matadouro? Como aquele de quem os homens escondem o rosto? Como aquele que está pregado na cruz, com o rosto cheio de sangue? Como aquele que têm as mãos atadas e os pés pregados na cruz? Absolutamente não!

• A revelação do Noivo da Igreja pelo Pai é de um Cristo glorioso: Seus cabelos não estão cheios de sangue, mas são alvos como a neve. Seus olhos não estão inchados, mas são como chama de fogo. Seus pés não estão pregados na cruz, mas são semelhantes ao bronze polido. Sua voz não está rouca, porque a língua está colada ao céu da boca, por atordoante sede, mas é voz como voz de muitas águas. Suas mãos não estão cheias de pregos, mas ele segura a igreja e a história em suas onipotentes mãos. Seu rosto não está desfigurado, mas brilha como o sol.

• O objetivo do livro de Apocalipse não é nos dar uma tabela do tempo do fim, mas nos revelar o Noivo glorioso da igreja, o supremo conquistador. A igreja precisa olhar para a supremacia do seu Senhor. Durante a sua primeira vinda a glória de Cristo estava encoberta. Ele viveu se esvaziando da sua glória. Mas na segunda vinda de Cristo, sua glória será auto-evidente (Mc 14:61-62; Ap 1:7).

II. O AUTOR DO LIVRO DE APOCALIPSE - V. 1-2,4

1. Deus tem planos distintos ao usar seus servos


• O Espírito Santo usou João para escrever o quarto evangelho, as cartas e o Apocalipse. O objetivo do evangelho é alertar as pessoas a crerem em Cristo (20:31). O objetivo das cartas é encorajar os crentes a terem certeza da vida eterna (5:13). O objetivo do Apocalipse era alertar os crentes para estarem preparados para a segunda vinda de Cristo (22:20).

2. Deus transforma tragédias em triunfo


• Domiciano, o segundo Nero, que arrogou para si o título de Senhor e Deus, baniu João para a Ilha de Patmos, a colônia penal da costa da Ásia Menor. Mas ao mesmo tempo em que se achava fisicamente em Patmos, achou-se também em espírito e Deus abriu-lhe o céu e revelou-lhe as coisas que em breve devem acontecer.

• Num tempo em que a igreja estava sendo massacrada e pisada, perseguida e torturada, João recebe a revelação de que o Noivo da Igreja, o Senhor absoluto dos céus e da terra, está no total controle da igreja e da história (1:1.3; 5:5).

3. Deus esclarece uns e confunde outros


• O livro de Apocalipse é um livro altamente simbológico. Por que? É como as parábolas: esclarece uns e confunde outros. Para a igreja era uma mensagem clara, mas para os ímpios uma mensagem indecifrável.

• Os símbolos não enfraquecem com o tempo. Em vez de falar do diabo como um ser maligno, falou de um dragão. Em vez de falar de um ditador, falou de uma besta. Em vez de falar de um sistema sedutor, falou de uma Meretriz, Babilônia, a grande.

III. OS LEITORES DO LIVRO DE APOCALIPSE

1. As sete igrejas da Ásia Menor


• O número sete é um número importante no livro de Apocalipse. Ele aparece 54 vezes neste livro. O livro fala de sete candeeiros, sete estrelas, sete selos, sete trombetas, sete taças, sete espíritos, sete cabeças, sete chifres, sete montanhas. O número sete significa completo, total. Havia mais de sete igrejas na Ásia Menor. Mas quando Jesus envia carta às sete igrejas, significa que ele envia sua mensagem para toda a igreja, em todos os lugares, em todos os tempos.

• Não há nenhuma indicação nas sete igrejas que elas representem sete períodos sucessivos da história da igreja. João escolheu estas sete igrejas para que elas servissem de representantes da igreja toda. O Apocalipse era e é para toda a igreja.

2. Este livro é destinado a todos os cristãos em todos os tempos


• Não podemos limitá-lo à visão preterista nem à visão futurista. Ele é um livro encorajador para os todos os cristãos em todos os tempos.

• Este livro devia ser lido em voz alta em culto público (v. 3). Há uma bem-aventurança para os que lêem, ouvem, e praticam a mensagem deste livro.

• Para todas as igrejas o Senhor que anda no meio dos candeeiros tem uma palavra de exortação e também de encorajamento. Ele os desafia a serem vencedores!

• A mensagem central de Jesus para a igreja é que nós não devemos nos aproximar da profecia apenas com curiosidade acerca do futuro.

Quando Daniel e João receberam a palavra da profecia, do plano de Deus, do futuro, ambos caíram aos pés do Senhor (Dn 10:7-10; Ap 1:17). Eles ficaram esmagados pela grandeza da manifestação do Senhor. É assim que nós devemos nos aproximar do livro de Apocalipse, como adoradores e não como acadêmicos.

IV. O REMETENTE DO LIVRO DE APOCALIPSE

1. Uma saudação de encorajamento e não de medo – v. 4


• Graça e Paz não é uma palavra de medo, mas de doçura, de encorajamento a uma igreja que passa pelo vale do martírio.

2. A Graça e a Paz são enviadas à Igreja pela Trindade - v. 4-5


• O Deus Pai, o Deus Espírito e o Deus Filho estão no completo controle da história e num tempo de sombras e provas, eles enviam à igreja sua graça e sua paz.

3. Como a igreja deve ver o seu Noivo? – v. 5


a) Como a Fiel Testemunha - Jesus foi fiel durante todo o seu ministério. Nunca deixou de testemunhar sobre o Pai, mesmo na hora do sofrimento e da morte. "Eu vim para fazer a vontade do Meu Pai." = PROFETA.

b) Primogênito dos Mortos - Jesus foi o primeiro a ressuscitar em glória. Ele está vivo para sempre. Ele é o primogênito porque é o primeiro da fila e nós vamos logo atrás. Jesus matou a morte. Ele venceu nosso último inimigo. Uma igreja que está enfrentando o martírio precisa saber que o seu Deus vencer o poder da morte. A noiva do Cordeiro não tem mais a morte à sua frente, mas atrás de si = SACERDOTE.

c) O Soberano dos Reis da Terra - A igreja precisa ver Jesus como o presidente dos presidentes, diante de quem todos os poderosos vão se dobrar. Jesus está acima de Roma, dos imperadores. Ele está acima dos impérios, das nações soberbas, dos reis da terra, dos presidentes que ostentam o seu poder = REI.

4. Como a igreja deve se posicionar diante do seu Noivo? – v. 5-6


• Quando João vê a glória do Noivo, ele prorrompe numa doxologia suprema, diante da suprema glória de Cristo. Ele se encanta com o Cristo que lhe é revelado. Seu coração se derrama em adoração.

• Por que a igreja deve adorar o seu Noivo?
a) Porque ele nos ama - O verbo está no presente. O amor de Cristo é algo que permanece. Ele nos amou, ainda nos ama e nos amará até o fim.

b) Ele nos libertou dos nossos pecados - Fala de um ato de redenção concluído (5:9). A versão King James diz que ele nos lavou. Ele quebrou as amarras do pecado e nos limpa. O que é maravilhoso é que ele nos amou quando estávamos sujos e perdidos e depois nos libertou.

c) Nos constituiu Reinos e Sacerdotes – A igreja não foi amada e libertada para nada. O alvo do amor é nos constituir reis e sacerdotes para Deus. Ele nos ama. nos levanta da lama e depois nos coloca a coroa e a mitra. Já estamos assentados com Cristo nas regiões celestiais, mas haveremos de ser co-regentes com ele, pois reinaremos com ele. Somos um reino não apenas porque Cristo reina sobre nós, mas porque participamos do seu reinado. A mitra do sumo sacerdote tinha uma placa de ouro "Santidade ao Senhor’. Temos livre acesso a ele, pois somos uma raça de sacerdotes reais.

V. O TEMA DO LIVRO DE APOCALIPSE - V. 7-8

1. Há uma descrição das características da sua Vinda


• O grande tema do livro de Apocalipse é a glória e a vitória de Cristo na sua vinda. Esta verdade é apresentada nas sete seções paralelas. Cristo vem para estabelecer o juízo e triunfar sobre seus inimigos. Na primeira vinda a glória de Cristo não era auto-evidente, mas na segunda vinda será (Mc 14:61). A igreja triunfa com ele, enquanto seus adversários lamentarão (6:15-16; Zc 12:10). Os ímpios não se converterão (9:20; 16:9,11). Como Jesus virá?

• Aqueles que o amam se alegrarão na sua segunda vinda, mas aqueles que o rejeitaram se lamentarão. Como será a sua vinda?
a) Uma vinda Pessoal
b) Uma vinda Pública
c) Uma vinda Visível -
d) Uma vinda Poderosa
e) Uma vinda para juízo

2. Há uma descrição das características daquele que vem


• Essas características da sua eternidade e onipotência são dadas, para mostrar que Jesus é poderoso para executar o seu plano na história humana.

CONCLUSÃO


• Temos hoje uma visão da glória do Noivo da Igreja? Temos honrado o nosso Noivo? Estamos nos preparando para encontrar com ele, como as virgens prudentes? Nossas lâmpadas estão cheias de azeite? 

Ao finalizar este artigo, recordo-me do texto do Profeta Amós 4:12 que diz: "Prepara-te óh Israel para te encontrares com o Senhor teu Deus".


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Forte abraço e boa boa semana


Rev. Elimar Gomes Alves
Economista, Adminstrador Financeiro,
Teologo, Professor, Articulista e Conferencista.



segunda-feira, 16 de março de 2020

O  livro de Apocalipse



Autor: Apóstolo João


Data: Cerca de 79—95 dC


Autor


         O autor se refere a si mesmo quatro vezes como João (1.1,4,9; 22.8). Ele era tão bem conhecido por seus leitores e sua autoridade espiritual era tão amplamente reconhecida que ele não precisou estabelecer suas credenciais. A Antiga tradição eclesiásticas atribui unanimemente este livro ao apóstolo João.


Antecedentes e Data


         As evidências em Apocalipse indicam que foi escrito durante um período de extrema perseguição aos cristãos, que possivelmente tenha começado com Nero depois do grande fogo que quase destruiu Roma, em Julho de 64 dC, e continuou até seu suicídio, em junho de 68 dC. Segundo esta visão, portanto, o livro foi escrito antes da destruição de Jerusalém em setembro de 70 dC, e é um profecia autêntica sobre o sofrimento continuo e a perseguição dos cristãos, que tornou-se bem mais intensa e severa nos anos seguintes. Com base em declarações isoladas pelos patriarca da igreja primitiva, alguns intérprete datam o livro perto do final do reino de Domiciano (81-96 dC), depois de João ter fugido para Éfeso.

Ocasião e Objetivo


         Sob a inspiração do Espírito e do AT, João sem dúvida vinha refletindo os acontecimento horripilantes que ocorriam em Roma e em Jerusalém quando ele recebeu a “profecia” do que estava para acontecer— a intensificação do conflito espiritual confrontando a igreja (1.3), perpetrada pelo estado anticristão e numerosas religiões anti-cristãs. O objetivo desta mensagem era fornecer estímulo pastoral aos cristãos perseguidos, confortando, desafiando e proclamando a esperança cristão garantida e certa, junto com a garantia de que, em Cristo, eles estavam compartilhando o método soberano de Deus de superar totalmente as forças do mal em todas suas manifestações. O Apocalipse também é um apelo evangelístico a todos aqueles que estão atualmente vivendo no reino das trevas para entrar no Reino da Luz (22.17)


Conteúdo


         A mensagem central do Apocalipse é que “Deus Todo-poderoso reina” (19.6). Este tema foi validado na história devido à vitória do cordeiro, que é “o Senhor dos senhores e Reis dos reis” (17.14).

         Entretanto, aqueles que seguem o Cordeiro estão envolvidos em um conflito espiritual contínuo e, sendo assim, o Apocalipse fornece um maior discernimento quanto à natureza e tática do inimigo (Ef 6.10-12). O dragão, frustrado por sua derrota na cruz e pelas conseqüentes restrições imposta sobre sua atividade, e desesperado para frustrar os propósito de Deus perante seus destino inevitável, desenvolver uma trindade forjada a “fazer guerra” com os santos (12.17). A primeira “besta” ou monstro simboliza a realidade do governo anticristão e poder político (13.1-10,13). A segunda, a religião anticristã, a filosofia, a ideologia (13.11-17). Juntos, eles forma a sociedade, comercio e cultura secular cristã definitivamente enganosa e sedutora, a prostituta Babilônia (caps 17-18), composta daqueles que “habitam a terra”. Eles, portanto, possuem a “marca” do monstro, e seus nomes não estão registrado no “Livro da Vida do Cordeiro”. O dragão delega continuamente seu poder restrito e autoridade aos monstros e seus seguidores a fim de enganar e desanimar qualquer pessoa do propósito criativo-redentor de Deus.


Forma Literária


         Depois do prefácio, o Apocalipse começa (1.4-7) e termina em (22.21) como uma carta típica do NT. Embora contenha sete cartas para sete igrejas, está claro que cada membro deve “ouvir” a mensagem a cada uma das igrejas (2.7,11,17,29; 3.6,13,22), bem como a mensagem do livro inteiro (1.3; 22.16), a fim de que possam obedecer-lhe (1.3; 22.9). Dentro desta carta está “a profecia” (1.3; 10.11; 19.10; 22.6-7,10,18-19). De acordo com Paulo, “o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação(estímulo) e consolação” (1Co 14.3). O profeta fala a Palavra e Deus como um chamamento à obediência na situação presente e na situação futura imediata, tendo em vista o futuro definitivo. Essa profecia não deveria ser selada (22.10) por ser relevante aos cristão de todas as gerações.


Método de Comunicação


        João recebeu essas profecias de uma série de visões vívidas contendo imagens simbólicas e números que ecoam aqueles encontrados nos livros proféticos do AT. João registra essas visões na ordem cronológica na qual as recebeu, muitas das quais retratam os mesmos acontecimentos através de diferentes perspectivas. Entretanto, ele não fornece uma ordem cronológica na qual determinados acontecimentos históricos devem acontecer. Por exemplo, Jesus nasceu no cap.12, é exaltado no cap.5 e está caminhando em meio às suas igreja no cap.1. A besta que ataca as duas testemunhas no cap.12 não é trazida à existência até o cap.13. João registra uma série de visões sucessivas, e não uma série de acontecimentos consecutivos.

         O Apocalipse é um quadro cósmico— uma série de quadros vivos coloridos, elaborados, acompanhados e interpretados por oradores cantores celestiais. A palavra fala é prosa elevada, mais poética do que nossas traduções indicam. A música é semelhante a uma cantata. Repetidamente são introduzidos temas, mais tarde reintroduzidos, combinados com outros temas desenvolvidos.

         Toda a mensagem é “notificada” (1.1). Há um segredo para a compreensão das visões, todas as quais contém linguagem figurativa que aponta para realidades espirituais em e por trás da experiência histórica. Os sinais e símbolos são essenciais porque a verdade espiritual e a realidade invisível deve sempre ser comunicada a seres humanos através de seus sentidos. Os símbolos apontam para o que é definitivamente indescritível. Por exemplo, o relato de gafanhotos demoníacos do abismo (9.1-12) cria uma impressão vívida e horripilante, mesmo que os mínimos detalhes não tenham a intenção de ser interpretados.


Cristo Revelado


         Quase todos os títulos usados em várias partes do NT para descrever a natureza divino– humana e ao obra redentora de Jesus são mencionados pelo menos uma vez no Apocalipse, que junto com uma série de títulos adicionais, nos fornece uma revelação multidimensional da posição presente, do ministério contínuo e da vitória definitiva do Cristo exaltado.

        Embora o ministério terreno de Jesus seja condensado entre sua encarnação e ascensão em 12.5, o Apocalipse afirma que o Filho de Deus, como Cordeiro, terminou completamente sua obra de redenção (1.5-6). Através de seu sangue, os pecadores foram perdoados, purificados (5.6,9; 7.14; 12.11) liberados (1.5) e fizeram reis e sacerdotes (1.6; 5.10). Todas as manifestações resultantes de sua vitória aplicada baseiam-se em sua obra terminada na cruz; portanto, satanás foi derrotado (12.7-12) e preso (20.1-3). Jesus ressuscitou dos mortos e foi entronado como Soberano absoluto sobre toda a criação (1.5; 2.27). Ele é o “Reis dos reis e o Senhor dos senhores” (17.14; 19.16) e deve receber a mesma adoração que recebe de Deus, o Criador ( 5.12-14).

        O único que é “digno” para executar o propósito eterno de Deus é o “Leão de Judá”, que não é um Messias político, mas um Cordeiro morto (5.5,6). “O Cordeiro” é seu título primário, utilizado vinte e oito vezes em Apocalipse. Como aquele que conquistou, ele tem a legítima autoridade e poder de controlar todas as forças do mal e suas conseqüências para seus propósitos de julgamento e salvação (6.1-7.17). O Cordeiro está no trono (4.1-5.14; 22.3).

         O Cordeiro, como “um semelhante ao Filho do Homem”, está sempre no meio de seu povo (1.9-3.22; 14.1), cujos nomes estão registrados em seu livro da vida (3.5; 21.27). Ele os conhece intimamente, e com um amor incomensuravelmente sagrado, ele cuida, protege, disciplina e os desafia. Eles compartilham totalmente sua vitória presente e futura (17.14; 19.11-16; 21.1-22.5), bem como a “ceia das bodas” (19.7-9; 21.2) presente e futura. Ele habita neles (1.13), e eles habitam nele (21.22).

         Como “um semelhante ao Filho do Homem”, ele também é o Senhor da colheita final (14.14-20). Ele derrama sua ira em julgamento sobre satanás (20.10), seus aliados (19.20; 20.14) e sobre os espiritualmente “mortos” (20.12,15) – todos aqueles que escolheram “habitar na terra” (3.10).

        O cordeiro é o Deus que está chegando (1.7-8; 11.17; 22.7,20) para consumar seu plano eterno, para completar a criação da nova comunidade de seu povo em “um novo céu e uma nova terra” (21.1) e restaurar as bênçãos do paraíso de Deus (22.2-5). O Cordeiro é a meta de toda a história (22.13)


O Espírito Santo em Ação


        A descrição do Espírito Santo como “os sete Espíritos” de Deus (1.4; 3.1; 4.5; 5.6) é distinta no NT. O número sete é um número simbólico, qualitativo, comunicando a idéia de perfeição. Portanto, o Espírito Santo é manifestado em termos de perfeição de sua atividade dinâmica, complexa. As “sete lâmpadas de fogo” (4.5) sugerem seu ministério iluminador, purificador e energizador. O fato de os sete espíritos estarem diante do trono (1.4; 4.5) e serem simultaneamente os olhos do Cordeiro (5.6) significa a trindade una essencial de Deus que se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo. Trata-se de um “habitar “ mútuo de Pessoas sem dissolver as distinções de ser e funções essenciais.

        Cada uma das mensagens para as sete igreja é do Senhor exaltado, mas o membros individuais são incitados a ouvir “o que o Espírito diz” (caps.2-3). O Espírito diz somente o que o Senhor Jesus diz.

        Portanto , o Espírito é o Espírito da profecia. Cada profecia genuína é inspirada pelo Espírito Samto e presta testemunho a Jesus (19.10). As visões proféticas são comunicadas e João somente quando ele está “no Espírito” (1.10; 4.2; 21.10). O conteúdo dessas visões não é nada menos qo que a “Revelação de Jesus Cristo” (1.1).

         Toda profecia genuína exige uma resposta. “O Espírito e a esposa dizem: Vem!” (22.17). Todos ouvem ou se recusam a ouvir esse apelo. O Espírito está operando continuamente em e através da igreja para convidar a entrar aqueles que permanecem fora da Cidade de Deus. Apenas mediante a habilitação do Espírito é permitido que a esposa testemunhe e “suporte pacientemente”. Portanto, o Espírito penetra na experiência atual daqueles que ouvem com antegozo do cumprimento futuro do Reino.


Esboço de Apocalipse

Prólogo 1.1





I. As cartas às sete igrejas 1.9-3.22



O cenário: um semelhante ao Filho do Homem 1.9-20

As cartas 2.1-3.22



II. Os sete selos 4.1-5.14



O cenário 4.1-5.14

Os selos 6.1-8.1



III. As sete trombetas 8.2-11.18



O cenário: O altar dourado 8.2-6

As trombetas 8.7-11.18



IV. Os sete sinais 11.19-15.4



O cenário: A arca do concerto 11.19

Os sinais 12.1-15.4



V. As sete taças 15.5-16.21



O cenário: O templo do testemunho 15.5-16.1

As sete taças 16.2-21



VI. Os sete espetáculos 17.1-20.3



O cenário: Um deserto 17.1-3

Os espetáculos 17.3-20.3



VII. As sete visões da consumação 20.4 –22.5



O Cenário: 20.4-10

As cenas 20.11-22.5


Que Deus nos abençoe a todos, 


Carentes das vossas Orações,


@EGAMINISTRIES

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Compreendendo a Profecia

Profecias Bíblicas 




Muitas pessoas crêem que a profecia bíblica é muito complexa para ser compreendida, então deveríamos apenas deixá-la com os "peritos". Mas a profecia pode ser facilmente – quem sabe devamos dizer prontamente – compreendida quando observada com um pouco de bom senso. A Bíblia não diz que Deus deu as profecias apenas para os teólogos e para os eruditos bíblicos, mas [revelou] "...aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer..." (Apocalipse 1.1). Isso significa que você e eu podemos entender a Palavra Profética de Deus, e Deus espera que a estudemos porque Ele é o autor da profecia. Certamente devemos desejar ler o Seu Livro!

Entendendo a Profecia


A existência paralela da Igreja de Jesus Cristo e a preparação para o reino do Anticristo nesta terra são conceitos padrões pelos quais a profecia bíblica é compreendida.

profecia bíblica, muitas vezes, parece complicada porque deixamos de levar em conta o fato de que algumas partes das profecias já foram cumpridas, enquanto outras ainda estão por ser cumpridas no futuro.

Quando João Batista nasceu, por exemplo, seu pai proferiu profecias específicas, das quais porções ainda não foram cumpridas até o dia de hoje: "Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo: Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometera, desde a antigüidade, por boca dos seus santos profetas, para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam; para usar de misericórdia com os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança e do juramento que fez a Abraão, o nosso pai, de conceder-nos que, livres das mãos de inimigos, o adorássemos sem temor, em santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias. Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados" (Lucas 1.67-77).

Notamos que muitas partes dessa profecia não foram cumpridas naquela época, nem se cumpriram até o dia de hoje. Vejamos alguns exemplos.

Inimigos de Israel


O versículo 71 diz que Israel se "...libertará dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam". Mas isso ainda não foi cumprido. Aliás, conforme revelam muitas fontes seguras, o anti-semitismo está até aumentando. Veja alguns relatos da mídia:

Os incidentes anti-semitas nos Estados Unidos aumentaram 8% em 1993, havendo um grande crescimento de ataques e ameaças, informou a Liga Anti-Difamação... A pesquisa mostrou que esses ataques, ameaças e molestamentos contra indivíduos ou organizações subiram 23% a mais que no ano anterior... Abraham Foxman, diretor nacional da LAD, disse: "Estamos profundamente preocupados com esse anti-semitismo descarado..." (Reuters, 24/1/1994)

A revista semanal alemã Focus registrou números oficiais que mostraram que no primeiro semestre de 1994 os ataques anti-semitas cresceram mais de 100% na Alemanha, se comparados com o mesmo período do ano anterior. Citando um relato da Agência BKA, da polícia federal, a Focus disse que 701 de tais ataques foram cometidos em comparação com 343 no mesmo período de 1993.

Recentemente, os neonazistas se reuniram em cidades da antiga Alemanha Oriental gritando "Sieg Heil!" e "A Alemanha para os alemães!" (Dispatch From Jerusalem, 12/1994)

Outra Profecia Não Cumprida


Ainda hoje, Israel não serve a Deus. Os judeus estão cegos para o seu Messias, como afirma Romanos 11.28: "Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas".

O sacerdote Zacarias profetizou que Deus haveria "de conceder-nos que, livres das mãos de inimigos, o adorássemos sem temor, em santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias" (Lucas 1.74-75).

Sabemos que essa parte do discurso profético dele não foi cumprida até hoje. Eles ainda não foram libertados de seus inimigos, e nem estão servindo a Deus em santidade e justiça.

Os versículos seguintes, entretanto, foram cumpridos naquela época: "Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz" (Lucas 1.76-79). Assim sendo, vemos a partir desses versículos que o discurso profético não está limitado ao cumprimento estático, que acontece numa só vez. Esta profecia foi proferida há quase 2000 anos. Parte dela foi cumprida e outra parte ainda aguarda seu cumprimento final.

A Proclamação Messiânica de Jesus


Outro exemplo forte de uma profecia parcialmente cumprida, usado com freqüência pelo Dr. Wim Malgo, fundador da Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, encontra-se em Lucas capítulo 4. Jesus foi a Nazaré e entrou na sinagoga local no sábado. Ali Ele leu as Escrituras para aquele dia: "Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler" (Lucas 4.16). Então o rabi encarregado deu-lhe o livro e Ele começou a ler: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele. Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir" (vv. 18-21).

Que passagem Ele citou? Isaías 61.1-2! Vejamos o que Isaías escreveu: " O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram".



Dá para detectarmos uma clara diferença. Isaías fez essa proclamação de um fôlego: "Apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus..." Mas na sinagoga, naquele dia de sábado, Jesus não leu a última parte desse versículo. Ele simplesmente parou depois de dizer: "a apregoar o ano aceitável do SENHOR..." Fechou o livro, deu-o ao rabi e se assentou.

Depois Ele disse algo extremamente significativo: "...hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir". O Senhor Jesus veio para proclamar salvação. Ele veio para cumprir aquilo que estava escrito a Seu respeito pelos profetas. Ele não veio para executar "...o dia da vingança do nosso Deus..." naquela época. Isso ainda está por acontecer.

A afirmação profética de Isaías compreende a primeira e a segunda vinda de Jesus como uma só. Os 2000 ou mais anos ocultos – entre ‘...o ano aceitável do SENHOR..." e "...o dia da vingança do nosso Deus..." – são a época da Igreja. Somente depois que a Igreja tiver partido para se encontrar com Jesus, "...entre as nuvens...", é que "...o dia da vingança..." terá início.

Medo do Desconhecido


Ao simplesmente reconhecermos que as profecias que citei foram cumpridas apenas parcialmente, o seu significado já fica mais claro. Elas começam a fazer mais sentido. Como crentes, não temos razão para temer, pois

Deus claramente nos diz em Sua Palavra que aqueles que persistem em sua incredulidade terão muito motivo para ficar amedrontados!

Por causa do medo do desconhecido, muitos estão relutantes e deliberadamente evitam tentar compreender as profecias. Ignorar a Palavra Profética, entretanto, não impede que ela seja cumprida. Aqueles que rejeitam a Palavra Profética ou optam por ignorá-la não podem ser informados de, ou preparados a respeito daquilo para o que ela veio. Sem uma clara compreensão da Palavra Profética, temos toda a razão para temer as coisas que virão sobre este mundo. Veja alguns exemplos:


A despeito das melhorias na saúde, ou dos cuidados com nosso meio ambiente, psicólogos, sociólogos e epidemiologistas dizem que podemos muito bem estar vivendo na mais ansiosa e temerosa sociedade de nossa história. Por que estamos tão apavorados – e muitas vezes por coisas erradas? Muitos dizem que as notícias da mídia são as quem têm maior parcela de culpa. A mídia, afinal de contas, dá mais atenção àqueles assuntos, questões e situações que mais assustam os leitores e telespectadores. Assim sendo, quase todo dia, lemos, ouvimos e vemos acerca de algum tipo de ameaça nova à nossa saúde e segurança. (The State, 25/12/1994)

Ao mesmo tempo que podemos admitir que o mundo tem razões legítimas para temer as coisas que estão acontecendo, os cristãos não precisam temer. Nós seremos apenas tomados pelo medo se não estudarmos a Palavra Profética.

O apóstolo Pedro nos dá o conselho correto que, se considerado, não nos levará a temer o desconhecido, pelo contrário, fará nossos corações se regozijarem: "Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração" (2 Pedro 1.19). Ter medo do desconhecido não é justificativa para a negligência. Ao contrário, se uma pessoa ignora a Palavra Profética, ela sentirá medo desnecessariamente e perderá um gozo inigualável que vem do estar completamente envolvido com a Palavra de Deus!

No Lugar Errado, na Hora Errada


Quando nos dedicamos à verdade da Palavra Profética, nós nos encontramos no lugar certo o tempo todo. Isso nos dá segurança absoluta das coisas que estão por vir. Mas, quando descremos da Palavra Profética ou a ignoramos, então estamos em território desconhecido e somos tomados pelo medo.

Permita-me reconstituir uma experiência angustiante que tive quando jovem em Melbourne, na Austrália.

Naquela ocasião, o anoitecer veio rápido demais. Parecia que o dia havia simplesmente se desligado, tornando-se trevas. Ainda mais estranho e amedrontador foi o silêncio quase sepulcral que fez com que eu e meu amigo Dieter tivéssemos um sentimento estranho de que algo estava errado.

"Isso não pode estar acontecendo. Deve ser um pesadelo. Vai cessar no momento em que eu acordar", pensei. Mas era real demais. Ali estávamos, dois imigrantes da Alemanha com 19 anos de idade, sem qualquer conhecimento da língua inglesa, exceto algumas frases que havíamos aprendido a bordo do navio italiano de imigrantes chamado Castel Felícia. O navio navegou durante cinco semanas da Alemanha até Melbourne, Austrália. Uma frase em inglês em particular ficou presa à minha mente, simplesmente porque eu a achava tão boba: "Isto é uma maçã".

Eu percebi que não podia andar pelas ruas da grande cidade de Melbourne com apenas o conhecimento dessas quatro palavras em inglês, esperando me comunicar suficientemente para encontrar um lugar para passar a noite, e menos ainda para encontrar um emprego. Esse era o propósito de irmos de carona para Melbourne, deixando para trás um acampamento seguro de imigrantes, a 240 km de distância. Claro, nós fomos avisados no acampamento de Bonnegilla para não sairmos daquela propriedade. Disseram-nos: "O governo cuidará de vocês. Vocês conseguirão um emprego, aprenderão a língua e ganharão dinheiro". Foi extremamente difícil sermos confortados por tais promessas, porque naquela época os empregos na Alemanha eram abundantes.

Alguém poderia dizer a seu chefe: "Eu me demito!", atravessar a rua e ser rapidamente aceito em outra firma. Portanto, os alertas que nos foram feitos não tinham o mínimo sentido para nós. Por não prestarmos atenção àquelas palavras de alerta, acabamos nos encontrando numa situação difícil, a muitos quilômetros daquele acampamento.

Pensamos que algo estranho devia estar acontecendo na cidade, porque ela parecia abandonada. Jamais poderíamos ter imaginado que era bastante normal para uma cidade australiana estar virtualmente vazia depois das horas de trabalho. Na Europa, as pessoas vivem na cidade, em apartamentos em cima de lojas e escritórios. Mas o centro da cidade de Melbourne era estritamente comercial. Quando chegava a hora de fechar, todos iam para suas casas nos subúrbios, deixando a cidade vazia. E aquele silêncio estranho e amedrontador contribuiu para o nosso desespero. Uma cidade sem pessoas era algo totalmente além da nossa imaginação. "E agora?", nós nos perguntamos. Estávamos perdidos, com fome e praticamente sem dinheiro. Além disso, estávamos desesperadamente precisando de um lugar para dormir. De repente, no escuro dessa cidade estranha, deparamos com um prédio aparentemente vazio. Por sorte, a porta estava aberta. Exceto por alguns ratos amedrontados correndo em todas as direções, nós nos sentimos razoavelmente seguros, até mesmo protegidos, depois de fecharmos a porta. Parecia até um pouco mais quente do que do lado de fora, naquela rua escura.

Entre o lixo, achamos uma pilha de jornais velhos e depois de comermos o nosso último doce, aqueles jornais tornaram-se os nossos cobertores naquela noite. "Amanhã tudo será diferente", pensamos. "Certamente encontraremos um emprego numa construção e as coisas haverão de melhorar". Depois pegamos no sono.

Deve ter sido perto de duas ou três horas da manhã quando o frio nos acordou. Sem problemas. Sabíamos que o calor procura os lugares mais altos, então subimos numa escada parcialmente quebrada para o andar de cima, trazendo conosco nossos cobertores de jornal. Voltamos a pegar no sono.

Passado não muito tempo, entretanto, fomos acordados pelo barulho de um carro, um barulho de que havíamos sentido imensa falta na noite anterior. Estranhamente, o motor parou e a porta do carro abriu e fechou bem na frente do nosso prédio.

Colocamo-nos rapidamente em pé e olhamos pela janela suja. Meu amigo reconheceu um carro esporte britânico, um MG. Nossos corações começaram a bater mais rápido quando a porta no andar de baixo se abriu e alguém entrou. Quase instantaneamente eu procurei por um objeto que servisse para me defender, e o mesmo fez meu amigo. Agora, nós realmente achávamos que as nossas vidas estavam correndo risco.

Os pensamentos passaram em ritmo rápido pela minha mente, acerca das muitas vezes em minha jovem vida que eu havia escapado por pouco da morte. Uma dessas vezes foi em 1944, por exemplo, quando toda a nossa família quase morreu de fome por causa do cerco russo. Mas nós conseguimos vencer, perdendo apenas um membro da família – minha irmã mais nova.

Em outra ocasião, os alemães estavam sendo executados sem mais nem menos pelas forças comunistas que haviam ganhado a guerra. Mas eles pararam com a matança bem próximo do local em que estávamos. Por isso, a essa altura eu estava preparado virtualmente para qualquer coisa. Mas os minutos pareciam uma eternidade.

Nós ouvimos claramente cada passo e esperamos em meio ao suspense os ruídos começarem a subir as escadas. Silêncio – depois o som de jornal sendo remexido. Parecia que o jornal estava sendo jogado nas escadas. O suspense foi tão grande que conseguimos ouvir até o nosso coração bater.

Nós não perdemos sequer o som de um fósforo sendo riscado. De repente tornou-se claro que aquele homem não estava atrás de nós! Ele nem sabia que havia gente no prédio. Tratava-se provavelmente de um incendiário! Quem sabe era o proprietário do prédio que queria queimá-lo para receber o seguro.

Mas, e nós? Deveríamos tentar detê-lo? E se ele tivesse uma arma, nós não teríamos a mínima chance. Poderíamos ser facilmente silenciados – duas testemunhas convenientemente desaparecendo no meio do fogo.

Começamos a sentir o cheiro de fumaça. Agora o nosso desespero aumentou. Se não fizéssemos nada, morreríamos ali, mas se fizéssemos alguma coisa, ainda assim poderíamos morrer. Então o longo silêncio foi interrompido pelo som de passos. A porta se fechou no andar inferior. Que alívio tremendo para nós. Agora estávamos livres para agir. Dieter correu para a janela e viu que o homem havia entrado rapidamente em seu carro conversível, sem sequer usar a porta. Ele ligou o carro e sumiu de vista.

A essa altura eu já havia chegado no andar abaixo e o fogo havia começado a pegar na madeira seca da escada. Nossa decisão seguinte levou apenas segundos... nós apagamos o fogo.

Exaustos, finalmente saímos para o lado de fora do prédio, naquela cidade estranha, contentes por estarmos vivos. Certamente o incendiário deve ter esperado ver fumaça e ouvir o alarme de incêndio, mas em vão, pelo menos naquela noite. Chegamos a considerar deixar o fogo queimar o prédio, mas a nossa presença na cidade, sem dúvida, nos deixaria como prováveis suspeitos. Qualquer policial poderia imediatamente nos identificar como os incendiários porque, afinal, estávamos no prédio. Dois jovens num lugar onde não deveriam estar, não falando praticamente nada de inglês, sem ter dinheiro, teriam sido facilmente vistos como quem começou o fogo para se esquentarem, e que este saiu de controle. Teria sido a pressuposição lógica. Contentes com nossa decisão, agora estávamos cheios de esperança para o dia que estava amanhecendo.

Perdidos em Terra Estranha


Por que eu estou contando essa experiência num artigo a respeito da compreensão da profecia? Faço isso com o propósito de demonstrar que estávamos no lugar errado em hora errada, colocando-nos em situação extremamente perigosa, por assim dizer, navegando em território em que não devíamos estar.

Da mesma maneira, esse exemplo deveria servir para nos lembrar que qualquer pessoa sem Cristo está totalmente perdida, rumo à condenação eterna. A Bíblia afirma que a separação de Deus é para sempre para aqueles que morrem sem Cristo.



Se Dieter e eu simplesmente soubéssemos a língua, nós poderíamos ter perguntado a alguém aonde poderíamos encontrar um lugar para ficar. Nós facilmente poderíamos ter evitado aquela terrível situação em que nos metemos.

Essa experiência se aplica igualmente a qualquer pessoa que deixa de dar ouvidos à Palavra Profética. Tal pessoa anda nas trevas e vive oprimida por um medo que não precisaria sentir.

Segurança Eterna em Cristo


Dê ouvidos à preciosa garantia que a Palavra de Deus nos fornece: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. E vós sabeis o caminho para onde eu vou" (João 14.1-4).

Não se trata de um anúncio barato, um folheto promocional ou uma propaganda bem elaborada de um shopping famoso. Trata-se da promessa do Jesus Vivo que fez os céus e a terra e tudo o que neles há!

Você é filho de Deus? Então não precisa temer. Leia o livro de Apocalipse, que Deus nos deu para detalhar o futuro.

Deus, de fato, nos dá uma maravilhosa promessa se lermos este livro: "Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo" (Apocalipse 1.3).

O estudo da Palavra Profética, portanto, não é algo insignificante. Não se trata também de algo a ser deixado apenas com os especialistas. Ele é para todo filho de Deus.
RESUMO:

Muitas pessoas creem que a profecia bíblica é muito complexa para ser compreendida, então deveríamos apenas deixá-la com os teólogos e os profetas. Porém não entrarei em detalhes específicos sobre os acontecimentos proféticos, mas me detenho no quando a profecia se cumpre. As três últimas trombetas do Apocalipse são identificadas como ais...

Autor: Arno Froese

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Noções em como entender o Livro de Apocalipse



As Diferentes Escolas de Interpretação

"Interpretar o livro do Apocalipse é difícil. É mais fácil deixar outros pensarem por nós através das várias escolas de interpretação. Essas escolas são o Idealismo, o Preterismo, o Futurismo e o Historicismo. Contudo, com todas as melhores ferramentas, a interpretação é ainda uma questão espiritual", explica Roy Gee. Este artigo propicia algumas ferramentas úteis para a interpretação do último enigmático livro bíblico.

Todos acham o suspense difícil de suportar. O suspense geralmente está ligado a temor e energias despendidas. É por isso que a mente humana sempre busca evitar o suspense. Tentamos encontrar descanso através do processo de pormenorização.

Pormenorização é a taquigrafia mental. É um princípio de categorização. Para a maioria de nós, é mais fácil de funcionar. Podemos evitar o processo agonizante do pensamento profundoNão podemos garantir sempre que a "pormenorização" nos ajudará a operar eficientemente, porque há perigos inerentes à prática. Com freqüência envolve podar aquelas partes salientes que não se ajustam às nossas categorias. Classificar requer a super-simplificação.

O problema é que os simplificadores amiúde tornam-se os mistificadores-e causam grande dano.

Interpretando

Essas verdades psicológicas são relevantes quanto a como interpretamos o livro do Apocalipse. Não podemos aliviar nossa tensão mental de interpretação do Livro do Apocalipse a menos que tenhamos um esquema, ou método, de interpretação.
Em cada esquema, ou método, há perigos embutidos. E quanto mais rígido formos em nosso apego ao esquema preconcebido, maior probabilidade haverá de que nossas conclusões serão falsas.

Herder indagou: "Houve alguma chave enviada com o livro do Apocalipse, e teria sido esta perdida? Terá sido lançada no mar de Patmos...?"

Em vista de que uma tal chave não foi enviada, os intérpretes têm sido forçados a inventar várias. Todas funcionam com uma certa medida de êxito. Comentários de todas as escolas de persuasão estão repletos de evidência de fechaduras forçadas. Isso deixa mentes inquiridoras com aquele suspense que acompanha toda investigação honesta.

Escolas e Tempos

A maioria das diferentes escolas de interpretação pode ser entendida na forma em que seu método explica o tempo. Os preteristas afirmam que a maior parte do Apocalipse tem sua principal referência no passado. Os futuristas declaram que a maior parte do livro ainda deverá ter cumprimento futuro. Os historicistas estão seguros de que o livro foi cumprido parcialmente no passado, está ainda tendo cumprimento no presente, e somente se cumprirá plenamente no futuro.

A escola Idealista rejeita todas essas três escolas. O idealista diz que essas três escolas são por demais específicas ao interpretar os símbolos proféticos. O idealista busca um método de interpretação mais espiritual, filosófico ou poético.

Escola do Idealismo

A escola idealista de interpretação julga que o livro de Apocalipse é um desdobrar de princípios em figuras. O propósito do livro de Apocalipse não é falar de eventos específicos a virem. É somente para ensinar verdades espirituais que podem ser aplicadas a todas as situações (ou serem delas derivadas).

Contudo, é difícil ver um propósito no livro de Apocalipse se for somente um retrato detalhado de princípios encontrados noutras partes. Se tais princípios já foram ensinados claramente alhures, por que agora se apresentam em forma tão misteriosa?

Erdman indaga:
. . . os princípios não se tornam até mais impressionantes quando incorporados em eventos que o autor viu, e em eventos ainda mais momentosos que nas visões proféticas ele contemplou no horizonte de uma era mais luminosa que deveria ainda raiar? (Chrles R. Erdman, Revelation, p. 25)

Incoerências do Idealismo

Absoluta coerência é impossível para o Idealismo, tanto quanto para todas as outras escolas. O Apocalipse descreve a segunda vinda de Cristo. Se esse for um evento histórico real, por que alguns dos retratos dos eventos do Apocalipse antes disso também são históricos?É impossível divorciar qualquer livro de sua ambientação histórica. Isso é duplamente verdadeiro com respeito ao livro do Apocalipse porque é o exemplo máximo de literatura apocalíptica. Todo esse gênero literário trata com história. Não está interessado em abstrações.

Escola Preterista

O preterismo é a metodologia mais popular para o exame do Apocalipse entre os eruditos críticos. Essa escola é também conhecida como a contemporânea-histórica. Essa escola inclui exegetas tão brilhantes quanto Beckwith, Swete, Ramsay, Simcox, Moses Stuart, e F. F. Bruce.

Esses escritores entendem que as principais profecias do livro do Apocalipse cumpriram-se na destruição de Jerusalém (em 70 AD) e na queda do Império Romano.

A força do Preterismo é que se baseia em considerável montante de verdade. O livro de Apocalipse de João deve ter feito sentido para os seus primeiros leitores, seus contemporâneos. Que pastor escreveria uma carta para o seu rebanho que não tivesse imediato significado para essas ovelhas?

Protesto Contra o Preterismo

O principal defeito do Preterismo é que parece deixar a igreja ao longo das era sem direção específica. Milligan declara:
. . . o livro [de Apocalipse] apresenta distintamente em sua aparência o fato de que não está confinado ao que o Vidente contemplou imediatamente ao seu redor. Trata de muito do que devia acontecer até o pleno cumprimento da luta da Igreja, a completa conquista de sua vitória, e o integral alcance de seu descanso. 

A Vinda do Senhor tão freqüentemente referida certamente não se esgotou naquela destruição da política judaica que agora sabemos que devia preceder por muitos séculos o encerramento da Dispensação presente; e os inimigos de Deus descritos continuam a sua oposição à verdade não meramente num ponto determinado e próximo, quando são contidos, mas ao final, quando são derrotados derradeiramente e para sempre. Há uma progressão no livro que é somente detida com o advento final do Juiz de toda a Terra; e nenhum sistema justo de interpretação nos permitirá considerar as diferentes pragas dos Selos, Trombetas, e Taças como simbólicos somente de guerras que o Vidente havia contemplado em seus princípios, e que sabia que terminariam com a destruição de Jerusalém e Roma. 

Contra a idéia de que São João estava limitado aos acontecimentos de seu próprio tempo o tom e espírito do livro são um contínuo protesto. Nem se pode alegar que ele combine isso com o que se daria por fim, deixando, por razões inexplicadas da parte dele, um longo intervalo de tempo sem notícia. Não há evidência de um intervalo. Os relâmpagos e trovões se desencadeiam em sucessão próxima desde o princípio até o fim do livro. Julgado mesmo por seu caráter geral, o Apocalipse não pode ser interpretado segundo esse sistema moderno. (W. Milligan, Lectures, págs. 141, 142).

O Preterismo Ignora o Futuro

Deixamos o Preterismo com as palavras do profeta João ecoando em nossos pensamentos: "Sobre para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas coisas". Apocalipse 4:1. Tenney escreveu:

A fraqueza desse ponto de vista [o Preterismo] é sua limitação terminal. Obviamente os juízos preditos não se cumpriram, e conquanto figurativamente se possa interpretar a conquista do mundo por Cristo e o retrato de um juízo final, nada disso ainda apareceu. O preterista tem uma interpetação que possui um firme pedestal, mas que não dispõe de uma escultura acabada para nela ser firmada. (M. C. Tenney, Revelation, pág. 144).

A Escola do Futurismo

O futurismo situa-se no outro extremo da interpretação, com relação ao preterismo. O futurismo acredita que o livro de Apocalipse, com a possível exceção dos três primeiros capítulos, aplica-se totalmente ao futuro. O Futurismo aponta à tribulação final da igreja e é portanto especialmente dirigido aos crentes nos primeiros últimos anos da história. Digo "especialmente" porque nenhum futurista nega o valor presente das promessas e princípios achados na profecia.

Diz Todd sobre o Apocalipse:
Não devemos, destarte, procurar o cumprimento de suas predições nem nas primeiras perseguições e heresias da igreja nem na longa série de séculos desde a primeira pregação do Evangelho até agora, mas nos eventos que devem imediatamente preceder, acompanhar e seguir-se ao Segundo Advento de nosso Senhor e Salvador. (J. H. Todd, Six Discourses on the Apocalypse, quoted by W. Milligan, Lectures, p. 135).

Futurismo e Literalismo

Os futuristas tendem a ser literalistas. Seguem a regra de que "todas as declarações proféticas devem ser interpretadas literalmente a menos que evidência contextual, ou o bom senso, tornem esse procedimento impossível". A maioria dos expositores (outros que não os futuristas) dizem que essa regra devia ser revertida quando interpretando-se o Apocalipse.

As objeções ao Futurismo são semelhantes àquelas contra o Preterismo. O Futurismo torna o livro de Apocalipse de pouco valor para a maioria dos cristãos no que se refere ao desenrolar da maior parte da história. A maioria dos cristãos são ignorados ao longo da história. Dirige-se somente aos que vivem nos últimos momentos da história. O Futurismo estreita demasiadamente a perspectiva da Revelação.

A Igreja Sobre a Terra

Uma posição básica assumida por futuristas dispensacionalistas é de que após Apocalipse 4:1 a igreja nunca é vista sobre a Terra. Alegam que os capítulos 6 ao 19 somente retratam um remanescente judaico.

A resposta a isto é que o livro de Apocalipse representa a igreja no céu misticamente. Isto se dá por causa da união da igreja com o Seu assunto Senhor.

Outros versos do Novo Testamento encaram a igreja nessa forma mística (Efés. 2:6; Fil. 3:20, Col. 3:1). Os membros da igreja que originalmente leram esses versos de que a igreja estava no céu o fizeram enquanto fisicamente sobre a Terra!

Apocalipse 7, 11 e 12 retratam a igreja cristã sobre a Terra. Certamente esses capítulos o fazem sob o simbolismo do antigo povo do concerto de Deus. Contudo, qualquer método de interpretação que admite o simbolismo judaico da revelação literalmente torna o livro sem sentido. O próprio estofo da literatura apocalíptica é pictórico e emblemático, não o literal.

O livro de Apocalipse inteiro é dirigido aos servos de Cristo, ou seja, às igrejas cristãs. Aqueles que foram mortos por confessarem o evangelho de Cristo são mencionados sob o quinto selo. Apocalipse 8 fala das orações de todos os santos ("santos", no Novo Testamento significa somente cristãos ou anjos).

A Escola do Historismo

O historicismo é o método de interpretação da profecia que declara que o livro do Apocalipse é um histórico profético da igreja e do mundo, desde o tempo de João até o segundo advento.

As predições dadas no livro do Apocalipse não são somente movimentos gerais na história, declara o Historicismo. Mesmo eventos específicos são preditos. Isso inclui a identificação de datas reais do calendário.

Historicistas destacados incluem Begel, Mede, Newton, Elliott, e Guinness. O livro Prophetic Faith of Our Fathers [A fé profética de nossos pais], de L. E. Froom, é um esplêndido compêndio do Historicismo e sua apologia. Alista os nomes e posições expositórias de centenas de intérpretes.

Hoje, somente um pequeno número de eruditos protestantes são conhecidos como historicistas. Esses eruditos se acham somente em grupos isolados. Os mais conhecidos dentre tais grupos são os membros da denominação adventista do sétimo dia.

Três Problemas do Historicismo

M.C. Tenney fez sua crítica ao historicismo:
Há várias objeções a uma interpretação do Apocalipse segundo um ponto de vista completamente historicista. Primeiramente, a exata identificação dos eventos da história com sucessivos símbolos nunca foi finalmente empreendida, mesmo após os acontecimentos terem-se dado. É razoável supor que durante o lapso de 1.900 anos pelo menos uma porção das predições teriam tido cumprimento. Se tivessem de ter algum valor para o leitor do Apocalipse como uma indicação de seu lugar dentro do processo histórico, deviam ser identificáveis com certeza. Tal, contudo, parece não ser o caso. Os pontos de interpretação sobre o qual a maioria dos intérpretes doutrinários concordam podem ser interpretados como tendências tanto quanto eventos. Uma vez que as tendências podem ser evidentes em qualquer período da história, tais profecias não apontam a nenhuma época.

Em segundo lugar, os intérpretes históricos não têm explicado satisfatoriamente porque uma profecia geral deva confinar-se às fortunas do Império Romano ocidental. A interpretação histórica destaca principalmente o desenvolvimento da igreja na Europa ocidental; pouca atenção dá ao Oriente. Contudo, nos primeiros séculos da era cristã a igreja aumentou tremendamente no Oriente, e difundiu-se até alcançar a Índia e China, embora não tenha conseguido uma base permanente em todas as regiões desses países. Se um método contínuo-histórico deva ser seguido, deve ter um escopo mais amplo.

Em terceiro lugar, se o método contínuo-histórico for válido, suas predições teriam sido suficientemente claras desde o princípio para dar ao leitor alguma pista do que significavam. Se o fogo e a saraiva da primeira trombeta (8:7) realmente se referiam às invasões dos godos, é difícil ver como qualquer cristão do primeiro século poderia ter entendido a predição de tal modo a ter qualquer valor de sua parte para sua reflexão. (M. C. Tenney, Revelation, pp. 138, 139).

O Historicismo Não Tem Aplicação aos Primitivos Cristãos

Notem também a queixa de Hendriksen contra um livro historicista de orientação de esquerda:

Sobre minha mesa jaz um comentário recentemente publicado sobre o Apocalipse. É um livro muito "interessante". Considera o Apocalipse como um tipo de história escrita em antecipação. Descobre nesse último livro da Bíblia copiosas e detalhadas referências a Napoleão, às guerras balcânicas, à grande guerra européia de 1914-1918, ao ex-imperador germânico Guilherme, Hitler, e Mussolini, N.R.A., etc.-nosso veredito? Essas explicações e coisas desse tipo devem ser descartadas imediatamente. . . . Diga-me, caro leitor, que benefício os cristãos severamente perseguidos e sofredores do tempo de João obteriam de predições específicas e detalhadas concernentes às condições européias que prevaleceriam cerca de dois mil anos depois? (W., Hendriksen, More Than Conquerors, p. 14).

Essa crítica é válida.

O Historicismo Ignora os Ciclos da História

Os filósofos da escola historicista percebem que a história é cíclica. (O cristã entende que esses ciclos têm lugar dentro da linha reta da história que se estende da Criação à Segunda Vinda).
Em todas as eras, Deus e Satanás seguem princípios apropriados ao caráter que possuem. É por tal razão que a história se "repete", conquanto em diferentes graus de desenvolvimento. A luta entre o bem e o mal produz situações semelhantes durante diferentes épocas da história. Se o historicista estrito devesse reconhecer essa natureza obviamente cíclica da história, deixaria de ser um historicista estrito.

O Historicismo é Demasiado Extra-Bíblico

Outra objeção ao historicismo é que requer muito conhecimento extrabíblico. O estudante da Bíblia deve depender de historiados, como Gibbon, D'Aubigné ou Wylie. Moisés, os profetas, os evangelhos e as epístolas não seriam suficientes?

O Historicismo Ignora a Iminência.

Nossa última crítica é a mais forte. Os historicistas criam cuidadosos esquemas ou gráficos de cálculos de longo prazo. Mas esses esquemas negam a clara evidência do Novo Testamento de que nunca foi ideal de Deus que muitos séculos dividissem os dois adventos de Cristo.

De uma forma ou de outra, o pensamento de que os vários eventos preditos no livro de Apocalipse devessem ter lugar num futuro não distante é especificamente declarado sete vezes-"coisas que em breve devem acontecer" (caps. 1:1; 22:6), "o tempo está próximo" (cap. 1:3), e "Venho sem demora" (cap. 3:11; 22:7; 12, 29). Referências indiretas à mesma idéia aparecem nos caps. 6:11; 12:2; 17:10. A resposta pessoal de João a essas declarações do breve cumprimento dos propósitos divinos foi, "Vem, Senhor Jesus!" (cap. 22:20).

Em qualquer um dos vários pontos críticos da história deste mundo, a justiça divina poderia ter proclamado, "Está feito!" e Cristo poderia ter vindo para inaugurar o Seu reino de justiça. Há muito tempo atrás poderia ter posto em execução os Seus planos para a redenção deste mundo. Assim como Deus ofereceu a Israel a oportunidade de preparar o caminho para o Seu reino eterno sobre a Terra, quando se estabeleceram na Terra Prometida e novamente quando retornaram de seu cativeiro babilônico, assim Ele deu à igreja dos tempos apostólicos o privilégio de completar a comissão evangélica.

...embora o fato de que a segunda vinda de Cristo não se baseie em quaisquer condições, a repetida asserção das Escrituras de que a vinda está iminente era condicionada à resposta da igreja ao desafio de concluir a obra do evangelho em sua geração. A Palavra de Deus, que séculos atrás declarou que o dia de Cristo "vem chegando" (Rom. 13:12), não falhou. Jesus teria vindo muito rapidamente se a igreja tivesse realizado sua obra designada...

Assim, a declaração do anjo do Apocalipse a João com respeito à iminência do retorno de Cristo para terminar o reino de pecado deve ser entendida como uma expressão da vontade e propósito divinos. Deus nunca teve o propósito de delongar a consumação do plano da salvação, mas sempre expressou Sua vontade de que o retorno de nosso Senhor não se retardasse demasiado.

Essas declarações não devem ser entendidas em termos da presciência de Deus de que ocorreria um atraso tão grande, nem mesmo à luz da perspectiva histórica do que realmente teve lugar na história do mundo desde aquele tempo (SDA Bible Commentary [Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia], vol. IV, pp. 728-729).

Eu concordo. Não que Deus Se tenha frustrado. Não, por momento algum. Deus sempre oferece um ideal que é capaz de ser alcançado por completa dependência nEle. Lamentavelmente, isso é raramente reconhecido.

Graças a Deus Por Todas as Escolas

Que concluiremos a respeito das várias escolas de interpretação? Somos gratos a Deus por elas todas! Mas nós mesmos praticamos o ecletismo. Todas as escolas têm a verdade, bem como problemas. Obtemos a verdade de cada uma dessas escolas.
Devemos ver essas várias escolas e metodologias como reflexões fragmentadas da verdade integral. Vejamos novamente a necessidade de "afirmar o que é afirmado, mas negar as negações".

As Melhores Ferramentas de Interpretação

Devemos sempre começar nossa exegese (ou interpretação) da Escritura considerando as pessoas e tempos a que sua mensagem se dirigia. Para entender o que lhes foi escrito devemos entender o que para eles significava.

Juntamente com isso, reconheçamos a sabedoria de Deus, cujos anos não têm fim e que prometeu nunca esquecer a igreja. Este é Aquele que declarou através de Amós: "Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas". (Amós 3:7).

Certamente Este pode ser digno de confiança quanto a que manterá a sua promessa.

Em vista de que Deus nunca muda os Seus justos caminhos, Ele será o mesmo em todas as épocas. As obras de Deus sempre refletirão o mesmo selo, conquanto estejam em diferentes estágios de desenvolvimento.

O princípio apotelesmático vê sucessivos cumprimentos da profecia. Esses cumprimentos atingem o clímax nos últimos dias. É provavelmente a melhor ferramenta interpretativa de todas quando a ligamos com os princípios contextuais gramaticais, históricos e hermenêuticos.

Ferramenta Espiritual de Interpretação

Finalmente, é verdade que somente os puros de coração verão a Deus (Mat. 5:8). É verdade que os perversos prosseguirão agindo impiamente e nenhum desses perversos entenderá (Daniel 12:10).

Portanto, todo exegeta, todo estudante da Bíblia deve dizer: "Como vai a minha alma"?

Devemos perguntar: "Já compreendi o evangelho eterno que mudou nosso mundo no primeiro século? Que novamente o mudou no século dezesseis? Que é o único fator que pode transformar o nosso triste e lamentável tempo? Esse evangelho já me transformou?"

Quando está bem a minha alma, aceitarei com equanimidade seja o que os tempos (na providência divina) me reservem. Continuamente ajustarei o meu pensamento segundo a luz progressiva.

Mesmo nossas deficiências como intérpretes das profecias cooperarão para o bem! Elas nos situarão em humildade perante Deus, que somente é a Verdade. Deus somente pode fortalecer-nos a caminhar nessa verdade.

Autor: Diversos

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