Rev. Elimar e Pra Erica Gomes

quarta-feira, 29 de abril de 2020

O Arrebatamento da Igreja de Jesus Cristo



Leitor, estás já compenetrado da realidade deste solene assunto, e do que ele significa? 

Se não estás ainda, que o Espírito Santo se sirva destas linhas para despertar a tua preciosa alma: "Para que o Senhor não venha de improviso e não te ache dormindo" (Mc 13:36).

Há quatro coisas em relação a esse assunto que desejamos apresentar em poucas palavras:

1 - A promessa da Sua vinda;

2 - A Pessoa que está para vir;
3 - O propósito da Sua vinda;
4 - A preparação para a Sua vinda.

A Promessa da Sua vinda

Houve um tempo em que a Sua vinda como humilde sofredor era ainda uma profecia por cumprir. Muitas gerações tinham vindo e desaparecido; impérios se tinham levantado e caído; Israel e Judá tinham sido "espalhados", levados para o cativeiro; e um resto do povo tinha sido novamente restaurado à sua terra; mas o prometido Messias não tinha aparecido. A maior parte dos que tinham voltado do cativeiro de Babilônia achavam-se, sem dúvida, estabelecidos com todo o conforto, e quase esquecidos d'Aquele cuja vinda lhes tinha sido prometida, quando, eis que, uma manhã, houve em Jerusalém um grande movimento. Chegaram visitantes de fora com a extraordinária notícia de que tinha nascido o Rei há muito prometido. Desde o palácio de Herodes até aos sacerdotes do templo, a notícia espalhou-se rapidamente.


Mas qual foi o resultado desta notícia? Foi porventura que os filhos de Sião gritaram unânimes louvores a Deus por ter, finalmente, cumprido a Sua palavra e mandado o Messias? Porventura a alegria brilhou em todos os rostos, foram consolados os corações? Infelizmente não. Pelo contrário. A tristeza invadiu a cidade. "O rei Herodes... pertubou-se, e toda a Jerusalém com ele" (Mt 2:3).

Mas por que razão? Foi porque, se pelas Escrituras eles conheciam um pouco o assunto, deviam saber que Isaías tinha predito que "Reinará um Rei em justiça" (Is 32.1).
Ora, apesar de em Jerusalém haver nesse tempo muitos que se glorificavam da sua própria justiça e religião, havia sem dúvida na consciência da maior parte um íntimo sentimento de que não estavam preparados para a presença daquele Justo, e portanto a notícia que devia encher de gratidão e júbilo todos os peitos em Jerusalém, apenas produziu o efeito contrário.

Mas quer estivessem preparados para O receber, quer não, Ele tinha vindo; tinha vindo para revelar o Pai, tinha vindo não só como o Messias de Israel, mas também como o "Salvador do Mundo". A solene conseqüência é bem sabida por todos. O "Amado de Deus" foi odiado e rejeitado, e o Seu caminho neste mundo findou no Calvário ­crucificado e morto pelas mãos dos injustos (At 2:23).

Deus tinha assim cumprido completamente a promessa feita aos pais de mandar Jesus; eles cumpriram os escritos proféticos condenando-O (At 13:27,32-33).

Antes da Sua morte, contudo, Aquele que tinha sido prometido tornou-se em um que prometia.

Tinha reunido à roda de Si os seus amados discípulos. O traidor Judas tinha acabado de se retirar daquele pequeno grupo. A negra sombra da cruz estava a poucos passos à frente, e Ele lhes falou, insinuando a esse respeito. Que momento solene foi aquele!

Pensemos naqueles rostos tristes e transtornados ao escutarem ansiosamente aquela comunicação de despedida! "Não se turbe o vosso coração", diz Ele"credes em Deus, crede também em Mim" (Jo 14:1). Como se tivesse dito: Vós confiastes em Deus sem O ver, e agora que Eu me vou apartar de vós, ponde a mesma confiança em Mim. Deus vos fez uma promessa por meio dos profetas, e cumpriu fielmente esta promessa pela minha vinda. Eu, também, vou fazer-vos uma promessa, e vós deveis igualmente confiar que Eu hei de cumpri-la.

Mas qual era esta nova promessa?

Vamos ler João 14:2 e 3 e veremos: "Na casa de meu Pai há muitas moradas: vou preparar-vos lugar. E se Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também."


Não se podia cair em maior erro do que pensar que esta segunda "vinda" se refere à morte do crente. Vejamos a diferença que há entre uma coisa e outra. Suponhamos que um pai muito afetuoso leva pela primeira vez o seu filho para uma escola distante, como interno. Ao apartar­se dele bem vê a luta que se está travando no coração da pobre criança, que tenta por todos os modos reprimir as lágrimas. Assim, para o animar, o pai diz: - Então, meu filho, não estejas triste. Eu agora tenho que te deixar aqui e voltar para casa, mas, quando começarem as férias, eu mesmo hei de vir para buscar-te e levar-te comigo para casa.

Ora, ninguém vai se enganar quanto ao sentido que o pai queria fazer perceber ao seu atribulado filho por estas palavras. E assim também a linguagem do bendito Jesus para os Seus tristes discípulos, na crítica ocasião já aludida, não foi menos clara e livre de enganos.

Não disse: "Eu vou para o céu, mas vós haveis de morrer e ir ali ter comigo", mas sim: "Se Eu for, e vos preparar um lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo" .

Se os crentes morrem, as Escrituras falam deles como tendo "deixado o corpo e habitado com o Senhor" (2 Co 5:8). Enquanto que, quando a vinda do Senhor tiver lugar, em vez de estarem ausentes do corpo, ou, como exprime o versículo 4, estarem "despidos", os seus corpos serão conformados ao Seu corpo glorioso (Fp 3:21; 1 Co 15:52)"Num momento, num abrir e fechar de olhos", os "mortos em Cristo" ressuscitarão e os vivos serão "transformados". De modo que, em lugar da vinda do Senhor se referir à morte dos crentes, pelo contrário, desfará tudo que a morte tem feito nos corpos do povo de Deus durante perto de seis mil anos. Que dia de vitória tanto para Ele como para aqueles que conhecem!

Mas consideremos agora a segunda parte do nosso assunto, isto é:

A Pessoa que está para Vir

Muitos dos que conhecem alguma coisa da doutrina da vinda do Senhor, parecem preocupar-se mais com os "acontecimentos" que julgam terem sido ou estarem sendo cumpridos, do que com a própria bendita Pessoa que há­de vir.


Uma viúva, por exemplo, está no cais duma cidade marítima, olhando fixamente para o lado do mar. Ouviu dizer que estão para chegar em breve navios de transporte que trazem as tropas de volta duma guerra no estrangeiro, e ela espera ardentemente que num deles venha o seu muito amado filho. Estão a fazer-se grandes preparativos para uma grandiosa recepção após o desembarque dos bravos soldados. Mas tudo isso tem poucos atrativos para ela. As bandas militares, as bandeiras tremulando e os arcos triunfais podem agradar a um simples observador; mas é pelo seu querido filho que ela espera. De dia e de noite desde que ele partiu, ela tem desejado e orado pelo seu regresso, e, na verdade, o que é que lhe daria alegria igual a vê-lo de volta são e salvo? Não é que ela não goste de vê-l0 honrado nos festejos; na verdade, ela o considera digno de todas as honras que lhe possam dar; no entanto, isso ocorrerá depois de seu desembarque. Agora, a maior preocupação do seu coração é esta: "ele está para vir".

Ora, leitor amigo, podem estar a dar-se certos acontecimentos, hoje, que pareçam indicar que não pode estar longe o tempo em que o "Sol da justiça" há de levantar-se, trazendo nas Suas asas a cura para o restante do povo de Israel que teme o Seu nome, e o julgamento para os maus. Mas a esperança imediata do cristão é a volta do próprio Cristo, como sendo a "Resplandecente Estrela da Manhã", como Ele próprio diz em Apocalipse 22: 16. Usando do Seu próprio precioso nome pessoal, Ele diz: "Eu, Jesus, enviei o Meu anjo para vos testificar estas coisas nas igrejas; Eu sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente estrela da manhã".

Ora, a estrela da manhã aparece no firmamento antes do sol. É entre o tempo em que Ele vem como "Estrela da manhã", e o tempo em que Ele apareceu novamente como "Sol de justiça" que o terrível julgamento de que se fala no Apocalipse há de se desencadear sobre a terra. Então entrará em cena aquela terrível consumação de maldade e insubordinação, aquele "homem do pecado", o anticristo.

(2 Ts 2); então também há de vir o "tempo de angústia para Jacó" (Jr 30:7), e "grande aflição" (Mt 24:21-22), mas haverá uma porção do remanescente fiel daqueles dias que será poupado no meio de tudo isto, tal como os três filhos hebraicos no forno ardente (Dn 3). A cristandade professa, aqueles que somente levam o nome de cristãos mas que não receberam "o amor da verdade para se salvarem", será deixada na terra após o arrebatamento, e o próprio Deus os abandonará a uma "operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam condenados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniqüidade" (2 Ts 2).

Haverá, então, inúmeros sinais - sinais do mais medonho caráter, muitas tristezas esmagadoras, espetáculos e sons que hão de fazer tremer os corações mais fortes - de modo que os homens "desejarão morrer e a morte fugirá deles" (Ap 9:6). Mas lembremo-nos de que tudo isso se deve esperar depois da "Estrela da Manhã" ter raiado, e não antes; isso é, depois que a Igreja, a noiva celestial de Cristo, tenha sido arrebatada da terra para ir ao Seu encontro nos ares. Oh, não esqueçamos nunca que é Ele próprio que está para vir brevemente para recolher os Seus remidos!

A preocupação com "acontecimentos", em lugar do coração estar ocupado com a Sua pessoa, rouba ao coração muito daquele bem estar e conforto que deve resultar desta esperança celestial. Infelizmente, o inimigo tem conseguido fazer com que no espírito de muitos esta linda promessa da vinda do Senhor se pareça com uma ameaça judicial; enquanto, como vemos em João 14, foi o melhor tônico escolhido pelo Grande Médico para reanimar os corações desfalecidos e receosos dos Seus amados discípulos. E quando o inspirado apóstolo, anos mais tarde, escreve a sua primeira carta aos enlutados e perseguidos jovens convertidos de Tessalônica, ele conclui as suas observações sobre a vinda do Senhor com esta pequena, mas significativa frase: "Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras".

Leiamos agora 1 Tessalonicenses 4: 16 e examinemos cuidadosamente estas palavras de conforto: "O mesmo Senhor descerá do céu, com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor". Notemos que aqui se trata de um verdadeiro Homem, vivo, o "mesmo Senhor", que ia descer do céu. Era o próprio Senhor que iriam encontrar nos ares. Quando se converteram, os tessalonicenses aprenderam que o "mesmo Jesus", que pela Sua morte e ressurreição os tinha livrado da "ira futura", estava para vir outra vez; e eles "dos ídolos se converteram a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro, e para esperar dos Céus a Seu Filho" (1 Ts 1:9-10). Paulo também diz, quando escreve dos Filipenses, que: "A nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (3:20); isto é, eles estavam à espera de uma Pessoa, e essa Pessoa era o conhecido e amado Filho de Deus, em Quem tinham aprendido a confiar.

Mas, onde esse bendito Salvador não é conhecido, onde não se confia na Sua obra consumada, nem a Sua autoridade é reconhecida e obedecida, não é para admirar que as novas da Sua próxima vinda encham as consciências de terror e receio, como na antiga Jerusalém.

Mas, querido leitor cristão, isso não se deve dar contigo. Devemos, sem dúvida, velar para que o nosso procedimento seja digno d'Aquele que está para vir; e se tomarmos a sério em nossos corações a promessa da Sua breve volta, decerto cuidaremos nisso. "Qualquer que n'Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro" (1 Jo 3:3).

Nunca devíamos esquecer, além disso, que todos havemos de ser manifestados perante o Seu tribunal, onde toda a nossa obra será passada em revista, e onde "cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho" (1 Co 3:8). Isso, contudo, como o "dia da grande revista" do exemplo que apontamos, será um acontecimento posterior.

E, além disso, assim como, numa revista militar, todos os soldados aparecem com o seu uniforme de gala, assim nós havemos de aparecer perante o Seu tribunal com vestidos gloriosos como os d'Ele - pois seremos ressuscitados em glória (1 Co 15:43). Mas primeiro Ele virá nos buscar, como um noivo afetuoso vem buscar a sua noiva para a levar para casa; e, repetimo-lo mais uma vez: o verdadeiro crente nada tem a temer com relação a esse tribunal, embora haja muito para humilhar e exercitar os espíritos até dos mais dedicados entre nós.

Há alguns anos, encontrei na cidade de Manchester um rapazito de uns seis anos de idade que ia caminhando vagarosamente pela rua. Quando me aproximei, notei que estava cantando uma canção, evidentemente, de sua composição. Bem pequena, composta de apenas três palavras: "Às dez horas! Às dez horas! Às dez horas!" O pequeno parecia tão absorvido com isto, e o repetia tantas vezes, que tive a curiosidade de perguntar o que queria dizer. Depois de lhe dirigir algumas palavras carinhosas, a criança começou a falar comigo.

Parece que a mãe tinha estado ausente de casa durante algum tempo, mas que o pai tinha recebido uma carta em que dizia que haveria de voltar para casa nesse dia "às dez horas". A pequena canção matutina não carecia de mais explicações. A notícia do regresso da mãe tinha-o enchido até transbordar. Sem dúvida ele tinha sentido muito a falta dela, a sua ausência, e desejava ardentemente que ela voltasse.

Mas agora ela estava para vir - "às dez horas". Admira­ nos que esta notícia o enchesse de alegria?

Ora, porque então não se passa o mesmo conosco, cristãos, quando as novas da vinda de nosso Senhor chegam aos nossos ouvidos? Não temos nós provado a doçura do Seu amor? Não sofreu Ele e morreu por nós? Não nos tem Ele sempre guardado desde que O conhecemos, aliviando-­nos de muitos pesos, socorrendo-nos e compadecendo-Se de nós em muitas tristezas, restaurando-nos depois de muitas quedas? As palavras não podem exprimir quão queridos nós Lhe somos. Ah, caro irmão ou irmã, é quando pensamos n'Ele que os nossos corações ardem com desejos de O ver!

Não faz muito tempo que uma senhora cristã me disse: "às vezes, quando penso na vinda do Senhor, o meu coração pula de alegria dentro de mim."

Outra mocinha, que já conheço há anos - ela tinha onze anos na ocasião - disse o seguinte, após ter saído na noite escura para passar um recado: "Mamãe, quando eu vinha subindo, as nuvens estavam se movendo tão depressa no céu... então eu fiquei quieta e olhei para cima, porque pensei que o Senhor Jesus estava voltando... e então eu seria a primeira a vê-Lo" Ora, qual era o segredo desta paz e alegria no peito daquela criança, que estava completamente só naquele caminho de campo, ao crepúsculo, e desejando ardentemente ver o bendito rosto do Senhor? Era justamente por isto: Ela conhecia e confiava na Pessoa que estava para vir: "Ao qual, não havendo visto, amais" (1 Pe 1:8). Ela sabia que, por Ele ter morrido por ela, todos os seus pecados estavam não só gratuitamente perdoados, mas eternamente esquecidos.

Mas talvez alguém possa dizer: "Eu não estaria tão sossegado se pensasse que Ele pode vir imediatamente, embora o meu coração confie no Seu precioso sangue".
Ah, então é porque se esquece quem é que está para vir! É o "mesmo Jesus", o qual uma vez "cansado do caminho", pediu de beber à mulher samaritana (Jo 4); o mesmo que parou o cortejo fúnebre à saída da cidade de Naim e restituiu o único filho à pobre viúva (Lc 7); que permitiu à pecadora em casa de Simão que manifestasse o seu amor por meio de lágrimas e beijos aos Seus benditos pés (Lc 7); ainda mais: é o mesmo Jesus que dirigiu as maravilhosas palavras de misericórdia e graça ao ladrão moribundo no Calvário (Lc 23). É Ele, é Ele próprio que está para vir!

Leitor, você quer uma prova disso? Leia no livro de Atoscapítulo 1, o que aqueles dois anjos disseram aos discípulos no Monte das Oliveiras. O seu Senhor tinha acabado de deixá-los, foi para o céu, mas não sem primeiro ter um cuidado especial de lhes demonstrar que não era um Espírito, mas um Homem vivo com carne e ossos, e que, se duvidassem, podiam eles próprios verificar, apalpando-O (Lc 24:39)"Varões galileus, porque estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir" (At 1: 11).

Perto de dois mil anos na glória não O mudaram, em nada! É a mesma Pessoa que Marta foi esperar depois da morte de seu irmão, e é por Ele que nós esperamos. Se, porventura, "adormecermos", isto é, morrermos antes que Ele volte, então Jesus"a ressurreição e a vida", Aquele que disse: "Lázaro, o nosso amigo dorme, mas vou despertá-lo do sono", sim, quando Ele voltar, há de nos despertar também para que, assim como Lázaro, nós possamos sentar-nos com todos os Seus santos nos moradas celestes (Jo 11,12 e 14). Por que, então, temeríamos, se um Amigo tão bendito está para vir do céu para nos encontrar?

"Certamente cedo venho" é a promessa animadora; nossos corações não deveriam corresponder a um tal amigo, e dizer "Amém; ora vem, Senhor Jesus"? (Ap 22:20).

O Propósito da Sua Vinda

Notemos agora este ponto, com a máxima atenção. É importante ver que, depois da nação judaica ter rejeitado o seu Messias, Deus revelou ao apóstolo o que as Escrituras chamam "o mistério". Este mistério, segundo lemos, esteve oculto desde os tempos eternos (Rm 16:25), esteve oculto em Deus (Ef 3:9). Isto é, havia, acima e além de tudo que é revelado no Velho Testamento, um propósito secreto no coração de Deus de ter uma noiva para o Filho amado, e esta noiva seria formada pela união dos judeus e gentios salvos em um corpo (a Igreja), e unidos pelo Espírito Santo à cabeça no céu (Veja-se Cl1:18; Ef 1:22-23; 3:6 e 5:30,32). O Espírito Santo começou esta obra no dia de Pentecostes, batizando para este corpo uno os próprios discípulos aos quais tinha sido feita aquela promessa a que já nos referimos.

Mas para a boa compreensão do assunto é igualmente importante ver que a rejeição de Cristo pelos judeus deixou ainda por cumprir muitas das mais importantes promessas do Velho Testamento quanto à bênção terrestre da nação de Israel. Por exemplo, leiamos o que diz do reinado do verdadeiro Filho de Jessé em Isaías 11, quando ele tiver ajuntado os desterrados de Israel e congregados os dispersos de Judá desde os quatro confins da terra (v. 12)"Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo com o cabrito se deitará, e o bezerro, e o filho de leão e o animal cevado andarão juntos, e um menino pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, seus filhos juntos se deitarão e o leão comerá palha como o boi. E brincará a criança de peito sobre a toca de áspide, e o já desmamado meterá a sua mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em nenhuma parte em todo o monte da Minha santidade, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar"(v. 6-9).

Leiamos também Isaías 65:25, 31:5Amós 9: 12-15Miquéias 4:3Habacuque 2: 14, onde se diz que "o deserto se alegrará, e florescerá como a rosa" etc., e que se "converterão as suas espadas em enxadas. e as suas lanças em foices... nem aprenderão mais a guerra".

E também quanto à restauração da nação à sua própria terra, leiam-se os textos, tais como Isaías 35: 10Jeremias 23:5 e Ezequiel 34:24; 31: 10.

Por uma cuidadosa leitura desses textos e de outros, veremos que estas bênçãos prometidas não são o resultado da conversão do mundo, por meio da pregação do Evangelho; mas, pelo contrário, que elas serão precedidas e introduzidas pelos mais terríveis julgamentos sobre os maus.

Queremos agora acentuar aqui que há dois grandes assuntos que formam o tema de testemunho profético no Velho Testamento, e estes são os sofrimentos de Cristo e o reinado de Cristo; ou, conforme diz Pedro: "Os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir" ( 1 Pe 1:11).

Ora, os judeus dos tempos antigos esbarraram num dos lados deste testemunho, enquanto que aceitaram plenamente o outro. Não tinham dificuldade alguma em crer no que os profetas tinham dito a respeito de um Messias que havia de reinar, mas tinham problemas em considerar que ele haveria de sofrer. Por outro lado, enquanto que todo o verdadeiro cristão aceita inteiramente o testemunho profético de que o Messias havia de sofrer, quantos não rejeitam ou procuram dar um sentido puramente espiritual à verdade do Seu próximo reinado!

Mas, lembremo-nos de que nem um jota, nem um só til destas Escrituras, deixará de ser cumprido.

Quando o Senhor voltou ao céu, ele legou duas categorias de promessas a serem cumpridas - as que dizem respeito à Igreja, e as que se referem a Israel, cada uma delas particularmente distinta da outra. Quando estas se cumprirem, Ele irá Se apresentar como fez outrora Isaque, na ocasião em que, segundo Gênesis 24, saiu ao encontro de Rebeca, não como um reto juiz, ou um rei guerreiro, mas com a tema dedicação de um noivo afetuoso. Enquanto que, ao cumprir estas, há de Se apresentar como Davi, o poderoso conquistador; virá para assumir uma posição de grande poder e reinar. Por outras palavras, Ele é o Noivo da IgrejaEle é o Rei de Israel.

Há, portanto, duas fases distintas da segunda vinda do Senhor, mencionadas na palavra de Deus - duas etapas, por assim dizer, na mesma jornada. Primeiro Ele descerá aos ares para arrebatar os Seus santos para o céu; depois, em seguida a um curto período, há de voltar para reinar, e então os Seus santos celestes desfrutarão com Ele as glórias do Seu reinado.

Exemplifiquemos esta parte do nosso assunto. Suponhamos que, ao caminharmos pela estrada numa manhã, notamos uma pequena poça de água. Afastando­-nos dela, seguimos o nosso caminho e nem mais pensamos nisso. Alguns dias depois acontece passarmos lá outra vez; mas os vestígios de água que ali vimos na primeira vez desapareceram. O que aconteceu com todas aquelas gotas de água? Foi o sol brilhante que, pelo seu poder, as evaporou e atraiu para si. Ninguém as viu partir, mas elas certamente partiram.

Algumas semanas mais tarde pode-se ver as mesmas gotas de água. Mas quão mudadas desde a última vez que as vimos e nos afastamos delas, na poça lamacenta! Agora são lindas, brancos flocos de neve, e são a admiração de todos!

Assim também acontecerá em breve, caro leitor. O próprio Senhor descerá do céu, e no "abrir e fechar de um olho" ressuscitará do pó os corpos de todos os Seus santos adormecidos, e transformará os corpos dos vivos, arrebatando-os todos juntos para irem ao Seu encontro nos ares.

As Escrituras não nos dão nenhum motivo para supor que os incrédulos verão este acontecimento. Provavelmente a solene descoberta da falta de cada um deles em seu lugar costumeiro será o primeiro anúncio público do que se passou. Enoque "não foi achado, porque Deus o transladara" (Hb 11 :5). Ora, tendo sido, com mais ou menos segredo, arrebatado para a glória, a igreja aparecerá em seguida na mais completa publicidade com Ele, quando, como está escrito, "todo o olho O verá" (Ap 1:7).

Mas o próprio bendito Senhor apresenta em um capítulo, em Mateus 25, a mais clara descrição destas duas fases da Sua vinda. A primeira etapa da vinda é apresentada na parábola das "dez virgens", a outra na parábola dos "bodes e ovelhas". Na primeira vêem-se as virgens prudentes entrando com o esposo para as bodas; na outra vê-se o rei saindo para julgar. Notemos bem este notável contraste.

Na primeira parábola os salvos são levados para o céu, e os incrédulos são deixados na terra para o julgamento que há de vir. Na outra, são os maus que são levados para julgamento, enquanto que os justos são deixados na terra para partilharem as bênçãos do reino do Messias.

Num dos casos os santos entram, e as portas se fecham; no outro, o céu se abre, e os santos saem, juntamente com o Filho do Homem.

Ora, no Apocalipsecapítulos 4, 5 e 19, lemos o que realmente tem lugar no céu depois de a Igreja ter sido arrebatada e ter entrado ali. No capítulo 4versículo 4, os santos como anciãos estão sentados sobre os tronos, vestidos de branco, com coroas de ouro sobre as suas cabeças; e nos versículos 10 e 11 são vistos adorando, prostrados diante d'Aquele que estava sentado sobre o trono, lançando as suas coroas aos Seus pés e dizendo: "Digno és, Senhor" (Veja também o capo 5:9). Então, no capítulo 19: 7, após um poderoso coro de "Aleluias", lemos "Regozijemo-nos e alegremo-nos e demos-Lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou". Em seguida vem "a ceia das bodas" (versículo 9). Vimos, pois, que Mateus 25 nos apresenta o grito aflitivo das "loucas" do lado de fora, e no Apocalipse vemos a alegria festiva dos salvos do lado de dentro. Querido leitor, com qual destas companhias acharás o teu lugar?

Seguindo adiante, em Apocalipse 19: 11-16 vemos o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, acompanhado pelos Seus exércitos saindo dos céus para julgar e pelejar.

Mas vejamos novamente o que se lê em Mateus 25. Há uma idéia comum - mas totalmente errônea - a respeito da última parte deste capítulo. Considera-se que esta parte é uma figura do julgamento geral, como é chamado. E desta aceitação resultam perguntas como "Não estaremos todos perante Ele para sermos julgados, não receberemos o nosso lugar entre as ovelhas à Sua mão direita, ou entre os bodes à Sua esquerda? A isso pronto podemos responder: Não. O que temos aqui é o julgamento daquelas nações presentes na terra na ocasião em que o verdadeiro Rei vier para reinar.

Ora, de Israel está escrito que "Entre as gentes não será contado" (Nm 23:9), quanto menos o devem ser os santos que compõem a Igreja (Veja-se Cl3:11; At 15:14)!

Alguém poderia perguntar: - Se nem Israel nem a Igreja fazem parte das nações aqui julgadas, qual é a parte que lhes toca nesta cena solene?

Eis aqui a resposta:

1 - A parte dos santos desta dispensacão da graça:

"Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis, com Ele em glória" (Cl3:4).

"Eis que é vindo o Senhor, com milhares de Seus santos, para fazer juízo" (Jd 14,15).
"Virá o Senhor meu Deus, e todos os santos contigo e o Senhor será o rei sobre toda a terra" (Zc 14:5,9; veja-se também Ap 3:21).

Haveria alguma indicação mais clara quanto ao lugar onde os co-herdeiros hão de estar quando Aquele, que tem sido constituído o Herdeiro de todas as coisas, tomar a herança?

2 - A parte de Israel:

Lembremo-nos em primeiro lugar de que esta nação é da "semente de Abraão", segundo a carne. Notemos também que, conforme Mateus 1:1Jesus Cristo é o filho de Davi, o filho de Abraão. Assim, pois, enquanto que como Filho de Davi Ele é o Rei deles, como Filho de Abraão Ele pode falar deles como Seus irmãos; e, em cumprimento da profecia do filho de Abraão (lsaque), Ele abençoa todos os que favoreceram os filhos de Jacó e amaldiçoa todos os que o não fizeram. "Malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem" (Compare-se Gênesis 27:29 com Mateus 25:34,41).

Vemos, pois, que além dos santos celestiais que, segundo outras Escrituras, hão de aparecer com Ele em glória, o Senhor menciona aqui, ao fim de Mateus 25, três companhias distintas, a saber: ovelhas, bodes e irmãos. Já temos visto que os irmãos de que se fala aqui são os da Sua própria nação, segundo a carne. Agora surge a pergunta: Quem são então as ovelhas e os bodes?

Ora, bem, outros textos nos mostram que depois da Igreja ter sido arrebatada para a glória, há de haver um especial testemunho, apresentado por missionários judaicos, "em testemunho a todas as gentes", ao qual o próprio Senhor chama, em Mateus 24: 14, de o "evangelho do reino" e cuja nota dominante será, sem dúvida, a vinda iminente do verdadeiro Rei. Algumas destas nações receberão o testemunho e portanto farão tudo que puderem para beneficiar aqueles que o apresentem, enquanto que outros, pelo contrário, não só rejeitarão a mensagem, mas também negarão toda a simpatia e socorro aos mensageiros desprezados e mal tratados.

Notemos aqui com cuidado que é somente neste terreno, isto é, quanto ao modo pelo que elas têm tratado os Seus irmãos, que as nações serão separadas pelo Rei quando Ele aparecer em glória, e por fim abençoadas por Ele. As "ovelhas" representam uma classe; os "bodes", a outra.

A primeira será recompensada sendo-lhe permitido participar das bênçãos do reinado milenar do Messias sobre a terra, enquanto que a outra será destruída pelo julgamento. Não há nada nesta parábola sobre a ressurreição dos mortos ou o fim do mundo, nem mesmo no Apocalipse 19, que fala da mesma cena. A ressurreição dos salvos já terá ocorrido antes, como vimos em 1 Tessalonicenses 14: 16 e 1 Coríntios 15:51; enquanto que a ressurreição dos ímpios que jazem na morte só terá lugar depois dos mil anos do reinado do Messias.

No Apocalipse 20:4-6, depois de falar de várias classes de salvos que hão de 'viver e reinar com Cristo durante mil anos', lemos: "Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é a primeira ressurreição. Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição: sobre este não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com Ele mil anos" .

Não é porventura, claro, que haverá duas ressurreições? A primeira inclui todos os que reinarão com Ele durante mil anos, e que, portanto, deve necessariamente ter lugar antes dos mil anos. Os demais mortos não serão ressuscitados até que os mil anos se acabem, quando o céu e a terra fugirão, e os mortos, pequenos e grandes, terão que se apresentar para julgamento perante o grande trono branco, sendo em seguida lançados para sempre no lago de fogo. Após narrar esses fatos, João, o escritor do Apocalipse, acrescenta: "Vi um novo céu e uma nova terra... e já não havia mar". Bendito seja Deus por nos revelar tão maravilhosas realidades e por nos dar também o meio para compreendê-las pelo Seu Espírito. "Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus!" (Rm 11:33).

Consideremos agora rapidamente a última parte do assunto de que estamos tratando, isto é:

A Preparação para a sua vinda

Há dois aspectos segundo os quais podemos dizer que estamos preparados. Estes estão representados nas seguintes Escrituras:


1) "As que estavam preparadas entraram com Ele para as bodas, e fechou-se a porta"(Mt 25: 10).

2) A mim já agora me ofereço... "Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda" (2 Tm 4:6-8).

No primeiro texto todos os que são de Cristo (1 Co 15:23) estão preparados. Creram n'Ele, foram pUrificados dos seus pecados por Ele, n'Ele foram feitos aceitáveis (Ef 1:6). Seu Santo Espírito habita neles (Rm 8:9), e tudo isto sem haver da parte deles algum merecimento. "Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz" (Cl1:12).

Mas, no segundo, Paulo estava pronto, não só porque estava salvo - ele sabia isso há anos - mas também porque o seu serviço e testemunho tinham sido tais, que ele tinha a certeza de que naquele dia de glória o seu Senhor lhe diria "bem está, servo bom e fiel".

Simplifiquemos isso por outro exemplo. Suponhamos que alguém envie algum filho a uma cidade distante para negócio. Dá-lhe todas as instruções necessárias sobre o lugar onde há de ir e o que tem a fazer, aconselhando-o, enfim, a empregar toda a diligência para se sair bem do seu encargo, especialmente porque tem pouco tempo para ali se demorar.

Quando o filho chega à cidade, parece a princípio muito enérgico e desejoso de bem desempenhar o seu trabalho; mas depois de fazer uma pequena parte daquilo de que foi encarregado, encontra alguns antigos companheiros, esquece-se dos bons conselhos do seu pai para ser diligente, anda por um lado e por outro com os companheiros, até que, por fim, fica espantado quando ouve o relógio de uma torre que lhe indica que infelizmente não tem mais um minuto a perder se quiser apanhar o último trem. Corre para a estação e apenas tem tempo de tomar o seu assento. A porta se fecha, ouve-se o sinal de partida, e logo a seguir ele está a caminho de sua casa.


Ora, ele estava pronto para esta jornada?

Podem ser dadas duas respostas: Estava e não estava.

Sob o aspecto da empresa que opera a linha do trem, ele estava, visto que portava o bilhete de passagem (graças, não a ele, mas ao pai que lho tinha comprado). Nenhum fiscal da linha ousaria contestar o seu direito de viajar no trem.

Mas, que diremos a respeito do negócio de que ele ia tratar e dos desejos de seu pai? Ah! Será que ele perdeu o direito ao sorriso de aprovação do seu pai por isso? Sim. O pai não lhe pôde dizer "bem está, servo fiel" pelo serviço que lhe foi confiado; mas, ainda assim, nessa mesma noite ocupará lugar na família, como um filho, à própria mesa do seu pai.
Ora, todo o crente tem, no Salvador que outrora foi crucificado e que agora está glorificado, à destra de Deus, o que corresponde ao "bilhete", isso é, uma prova inegável de que foi pago o preço por inteiro.

Mas ainda que "é justificado todo aquele que crê" (At 13:39), e que "aos que justificou a estes também glorificou" (Rm 8:30), apesar disso, nem todos os crentes receberão naquele dia a mesma recompensa. "Cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho" (1 Co 3:8).

O Senhor há de considerar tanto a quantidade como a qualidade do nosso trabalho - o que cada um ganhou negociando (Lc 19: 15) - qual seja a obra de cada um (1 Co 3: 13).

Deus permita, caro leitor cristão, que a nossa sorte não seja apenas termos o direito de ir "com Ele para as bodas" sentarmo-nos ali com Ele na Sua casa - mas que possamos ser encontrados vigiando, esperando e trabalhando para Ele aqui, consultando os Seus desejos e cuidando dos seus interesses, no poder dominante do Seu inalterável amor, até que Ele venha. Tenhamos sempre na nossa mente que, se desejarmos tomar a nossa cruz e segui-Lo com terna dedicação, devemos fazê-lo já!

É um dia difícil - os tempos são perigosos, os homens maus e sedutores se tornam cada vez piores, enganando e sendo enganados (2 Tm 3: 13). (Que solene contradição ao engano vulgar de que todo o mundo terá que se converter antes que Ele venha!) É um dia de muita profissão mas de pouca prática, um dia caracterizado por um espírito desregrado, dia em que o desleixo de princípios e falta de lealdade a Cristo abundam na Igreja.

Mas, apesar de tudo isso, havemos de ter "Deus e a Palavra da Sua graça" até ao fim - a Sua palavra para dirigir os passos ao caminho direito, e a Sua graça para nos sustentar neste caminho depois que o tenhamos encontrado. Não nos deixemos enganar por "aparências" neste dia de vanglória, nem desanimemos se não encontramos no caminho da obediência aquilo que, aos olhos do mundo, parece bom êxito. "Obedecer é melhor do que sacrificar". Que a exortação do nosso bendito Mestre entre bem nos nossos corações: "Estejam cingidos os vossos lombos, e acesas as vossas candeias; e sede vós semelhantes aos homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe. Bem­aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa, e, chegando-se, os servirá" (Lc 12:35-37).

Caro leitor, se ainda não estás salvo, deixa-nos dirigir­-te agora uma palavra. Queremos fazer-te considerar que a Sua vinda será repentina, e da certeza de seres deixado cá quando Ele vier arrebatar os Seus, se porventura te encontrar sem "azeite na tua lâmpada". Considere, por um momento, o futuro. Pense na ligeireza com que as asas do tempo te estão levando para a eternidade! E que será esta eternidade para ti?

Ficarás na terra para descobrir que os salvos (talvez muitos amigos e parentes) têm sido arrebatados para o céu sem ti? Para te dar conta de que não fizeste caso do último aviso que o Espírito te deu; que ouviste em descrença a última pregação do Evangelho e recusaste a última chamada de misericórdia? Isso, certamente, seria por demais solene e triste. Mas não menos triste há de ser para o teu corpo ficar debaixo da terra, na tua fria e negra sepultura, enquanto os mil anos de bênção milenar forem transcorrendo, e depois dos quais toda a terra será cheia da Sua glória (Sl 72: 19) e o Príncipe da Paz há de ter "o Seu domínio... de um mar até outro mar e desde o rio às extremidades da terra (Zc 9:10). Oh, sim, perder tudo isso seria para ti uma perda atroz! Mas lembrate-te de que depois disso tens que enfrentar a eternidade! Serás ressuscitado dos mortos pela voz do Filho de Deus (Jo 5:28-29). O solene julgamento perante o grande trono branco seguirá então. De toda a palavra vã, da história de cada dia, terás de dar conta; e, como Deus é verdadeiro, a tua sentença será certamente uma eternidade no lago de fogo! Não penses nisso com leviandade. A porta ainda está aberta. Jesus ainda te convida. O Seu povo aqui está. Mas solenemente te avisamos do perigo que corres, e sinceramente te rogamos que fujas para o refúgio enquanto ainda há lugar. 

OSenhor Jesus pode vir até mesmo antes de acabares de ler este artigo! Sê, pois, sincero. Prostra-te aos Seus pés e confessa perante Ele a tua pecaminosa condição. Ele te receberá, abençoará e salvará agora mesmo. Bendito Salvador!


"Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores" (1 Tm 1:15).

Mas, uma vez que o Mestre se tiver levantado e "fechado a porta", a tua sentença será lavrada para sempre. Graças a Deus "ainda há lugar".


Autor: George Cutting

segunda-feira, 30 de março de 2020

Apocalipse, Uma Mensagem Urgente Para a Igreja


Apocalipse 1.1-8


INTRODUÇÃO

1. Dois fatores contribuem para que muitos crentes evitem o livro de Apocalipse:

a) A idéia de que ele é um livro selado, que trata de coisas encobertas


- Na verdade o livro de Apocalipse é oposto disto. Apocalipse significa tirar o véu, descobrir, revelar o que está escondido. A ordem de Deus é: "Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o tempo está próximo" (22:10). As coisas que em breve devem acontecer mostra que há uma tensão entre o futuro imediato e o mais distante; o mais distante é visto como que transparecendo do imediato. O Cordeiro é o executor do deve acontecer. Há duas atitudes em relação à segunda vinda: 1) Quem se acomoda diz: "Onde está a promessa da sua vinda?" 2) "Estai de sobreaviso, vigiai; porque não sabeis quando será o tempo".

b) A idéia de que ele é um livro que fala de catástrofe, tragédia e caos


- Esse é o significado da palavra hoje. Tornou-se sinônimo de tragédia. Mas Apocalipse não fala de caos, mas do plano vitorioso e triunfante de Cristo e da sua igreja.

I. O TÍTULO DO LIVRO DE APOCALIPSE

1. O Apocalipse é um livro aberto e não fechado


• A palavra "Apocalipse" significa descoberta, sem véu. Revelação não é especulação humana, é a Palavra de Deus e o testemunho fiel (v. 2). Ele revela o plano vitorioso, triunfante de Cristo e da sua igreja. Sua vitória absoluta contra todos os seus inimigos: a Meretriz, a besta, o falso profeta, o dragão, os incrédulos, a morte. O Apocalipse mostra que o último capítulo da história não será de tragédia, mas de uma retumbante vitória do Cordeiro de Deus, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

• Apocalipse é um livro aberto em que Deus revela seus planos e propósitos para a sua igreja.

2. O Apocalipse não é revelação apenas das últimas coisas, mas sobretudo do Cristo vencedor e glorioso


• O Apocalipse não fala tanto de fatos, mas de uma pessoa. Apocalipse é fundamentalmente a revelação de Jesus Cristo (v.1), e não apenas de eventos futuros. Você não pode divorciar a profecia da Pessoa de Jesus. Apocalipse não é revelação de João, mas revelação de Jesus Cristo a João.

• Cristo veio ao mundo para revelar o Pai (Jo 17:6). No Apocalipse é o Pai quem revela a Jesus (Ap 1:1). E como o revela? Como o servo lavando os pés dos discípulos? Como uma ovelha muda que vai para o matadouro? Como aquele de quem os homens escondem o rosto? Como aquele que está pregado na cruz, com o rosto cheio de sangue? Como aquele que têm as mãos atadas e os pés pregados na cruz? Absolutamente não!

• A revelação do Noivo da Igreja pelo Pai é de um Cristo glorioso: Seus cabelos não estão cheios de sangue, mas são alvos como a neve. Seus olhos não estão inchados, mas são como chama de fogo. Seus pés não estão pregados na cruz, mas são semelhantes ao bronze polido. Sua voz não está rouca, porque a língua está colada ao céu da boca, por atordoante sede, mas é voz como voz de muitas águas. Suas mãos não estão cheias de pregos, mas ele segura a igreja e a história em suas onipotentes mãos. Seu rosto não está desfigurado, mas brilha como o sol.

• O objetivo do livro de Apocalipse não é nos dar uma tabela do tempo do fim, mas nos revelar o Noivo glorioso da igreja, o supremo conquistador. A igreja precisa olhar para a supremacia do seu Senhor. Durante a sua primeira vinda a glória de Cristo estava encoberta. Ele viveu se esvaziando da sua glória. Mas na segunda vinda de Cristo, sua glória será auto-evidente (Mc 14:61-62; Ap 1:7).

II. O AUTOR DO LIVRO DE APOCALIPSE - V. 1-2,4

1. Deus tem planos distintos ao usar seus servos


• O Espírito Santo usou João para escrever o quarto evangelho, as cartas e o Apocalipse. O objetivo do evangelho é alertar as pessoas a crerem em Cristo (20:31). O objetivo das cartas é encorajar os crentes a terem certeza da vida eterna (5:13). O objetivo do Apocalipse era alertar os crentes para estarem preparados para a segunda vinda de Cristo (22:20).

2. Deus transforma tragédias em triunfo


• Domiciano, o segundo Nero, que arrogou para si o título de Senhor e Deus, baniu João para a Ilha de Patmos, a colônia penal da costa da Ásia Menor. Mas ao mesmo tempo em que se achava fisicamente em Patmos, achou-se também em espírito e Deus abriu-lhe o céu e revelou-lhe as coisas que em breve devem acontecer.

• Num tempo em que a igreja estava sendo massacrada e pisada, perseguida e torturada, João recebe a revelação de que o Noivo da Igreja, o Senhor absoluto dos céus e da terra, está no total controle da igreja e da história (1:1.3; 5:5).

3. Deus esclarece uns e confunde outros


• O livro de Apocalipse é um livro altamente simbológico. Por que? É como as parábolas: esclarece uns e confunde outros. Para a igreja era uma mensagem clara, mas para os ímpios uma mensagem indecifrável.

• Os símbolos não enfraquecem com o tempo. Em vez de falar do diabo como um ser maligno, falou de um dragão. Em vez de falar de um ditador, falou de uma besta. Em vez de falar de um sistema sedutor, falou de uma Meretriz, Babilônia, a grande.

III. OS LEITORES DO LIVRO DE APOCALIPSE

1. As sete igrejas da Ásia Menor


• O número sete é um número importante no livro de Apocalipse. Ele aparece 54 vezes neste livro. O livro fala de sete candeeiros, sete estrelas, sete selos, sete trombetas, sete taças, sete espíritos, sete cabeças, sete chifres, sete montanhas. O número sete significa completo, total. Havia mais de sete igrejas na Ásia Menor. Mas quando Jesus envia carta às sete igrejas, significa que ele envia sua mensagem para toda a igreja, em todos os lugares, em todos os tempos.

• Não há nenhuma indicação nas sete igrejas que elas representem sete períodos sucessivos da história da igreja. João escolheu estas sete igrejas para que elas servissem de representantes da igreja toda. O Apocalipse era e é para toda a igreja.

2. Este livro é destinado a todos os cristãos em todos os tempos


• Não podemos limitá-lo à visão preterista nem à visão futurista. Ele é um livro encorajador para os todos os cristãos em todos os tempos.

• Este livro devia ser lido em voz alta em culto público (v. 3). Há uma bem-aventurança para os que lêem, ouvem, e praticam a mensagem deste livro.

• Para todas as igrejas o Senhor que anda no meio dos candeeiros tem uma palavra de exortação e também de encorajamento. Ele os desafia a serem vencedores!

• A mensagem central de Jesus para a igreja é que nós não devemos nos aproximar da profecia apenas com curiosidade acerca do futuro.

Quando Daniel e João receberam a palavra da profecia, do plano de Deus, do futuro, ambos caíram aos pés do Senhor (Dn 10:7-10; Ap 1:17). Eles ficaram esmagados pela grandeza da manifestação do Senhor. É assim que nós devemos nos aproximar do livro de Apocalipse, como adoradores e não como acadêmicos.

IV. O REMETENTE DO LIVRO DE APOCALIPSE

1. Uma saudação de encorajamento e não de medo – v. 4


• Graça e Paz não é uma palavra de medo, mas de doçura, de encorajamento a uma igreja que passa pelo vale do martírio.

2. A Graça e a Paz são enviadas à Igreja pela Trindade - v. 4-5


• O Deus Pai, o Deus Espírito e o Deus Filho estão no completo controle da história e num tempo de sombras e provas, eles enviam à igreja sua graça e sua paz.

3. Como a igreja deve ver o seu Noivo? – v. 5


a) Como a Fiel Testemunha - Jesus foi fiel durante todo o seu ministério. Nunca deixou de testemunhar sobre o Pai, mesmo na hora do sofrimento e da morte. "Eu vim para fazer a vontade do Meu Pai." = PROFETA.

b) Primogênito dos Mortos - Jesus foi o primeiro a ressuscitar em glória. Ele está vivo para sempre. Ele é o primogênito porque é o primeiro da fila e nós vamos logo atrás. Jesus matou a morte. Ele venceu nosso último inimigo. Uma igreja que está enfrentando o martírio precisa saber que o seu Deus vencer o poder da morte. A noiva do Cordeiro não tem mais a morte à sua frente, mas atrás de si = SACERDOTE.

c) O Soberano dos Reis da Terra - A igreja precisa ver Jesus como o presidente dos presidentes, diante de quem todos os poderosos vão se dobrar. Jesus está acima de Roma, dos imperadores. Ele está acima dos impérios, das nações soberbas, dos reis da terra, dos presidentes que ostentam o seu poder = REI.

4. Como a igreja deve se posicionar diante do seu Noivo? – v. 5-6


• Quando João vê a glória do Noivo, ele prorrompe numa doxologia suprema, diante da suprema glória de Cristo. Ele se encanta com o Cristo que lhe é revelado. Seu coração se derrama em adoração.

• Por que a igreja deve adorar o seu Noivo?
a) Porque ele nos ama - O verbo está no presente. O amor de Cristo é algo que permanece. Ele nos amou, ainda nos ama e nos amará até o fim.

b) Ele nos libertou dos nossos pecados - Fala de um ato de redenção concluído (5:9). A versão King James diz que ele nos lavou. Ele quebrou as amarras do pecado e nos limpa. O que é maravilhoso é que ele nos amou quando estávamos sujos e perdidos e depois nos libertou.

c) Nos constituiu Reinos e Sacerdotes – A igreja não foi amada e libertada para nada. O alvo do amor é nos constituir reis e sacerdotes para Deus. Ele nos ama. nos levanta da lama e depois nos coloca a coroa e a mitra. Já estamos assentados com Cristo nas regiões celestiais, mas haveremos de ser co-regentes com ele, pois reinaremos com ele. Somos um reino não apenas porque Cristo reina sobre nós, mas porque participamos do seu reinado. A mitra do sumo sacerdote tinha uma placa de ouro "Santidade ao Senhor’. Temos livre acesso a ele, pois somos uma raça de sacerdotes reais.

V. O TEMA DO LIVRO DE APOCALIPSE - V. 7-8

1. Há uma descrição das características da sua Vinda


• O grande tema do livro de Apocalipse é a glória e a vitória de Cristo na sua vinda. Esta verdade é apresentada nas sete seções paralelas. Cristo vem para estabelecer o juízo e triunfar sobre seus inimigos. Na primeira vinda a glória de Cristo não era auto-evidente, mas na segunda vinda será (Mc 14:61). A igreja triunfa com ele, enquanto seus adversários lamentarão (6:15-16; Zc 12:10). Os ímpios não se converterão (9:20; 16:9,11). Como Jesus virá?

• Aqueles que o amam se alegrarão na sua segunda vinda, mas aqueles que o rejeitaram se lamentarão. Como será a sua vinda?
a) Uma vinda Pessoal
b) Uma vinda Pública
c) Uma vinda Visível -
d) Uma vinda Poderosa
e) Uma vinda para juízo

2. Há uma descrição das características daquele que vem


• Essas características da sua eternidade e onipotência são dadas, para mostrar que Jesus é poderoso para executar o seu plano na história humana.

CONCLUSÃO


• Temos hoje uma visão da glória do Noivo da Igreja? Temos honrado o nosso Noivo? Estamos nos preparando para encontrar com ele, como as virgens prudentes? Nossas lâmpadas estão cheias de azeite? 

Ao finalizar este artigo, recordo-me do texto do Profeta Amós 4:12 que diz: "Prepara-te óh Israel para te encontrares com o Senhor teu Deus".


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Forte abraço e boa boa semana


Rev. Elimar Gomes Alves
Economista, Adminstrador Financeiro,
Teologo, Professor, Articulista e Conferencista.



segunda-feira, 16 de março de 2020

O  livro de Apocalipse



Autor: Apóstolo João


Data: Cerca de 79—95 dC


Autor


         O autor se refere a si mesmo quatro vezes como João (1.1,4,9; 22.8). Ele era tão bem conhecido por seus leitores e sua autoridade espiritual era tão amplamente reconhecida que ele não precisou estabelecer suas credenciais. A Antiga tradição eclesiásticas atribui unanimemente este livro ao apóstolo João.


Antecedentes e Data


         As evidências em Apocalipse indicam que foi escrito durante um período de extrema perseguição aos cristãos, que possivelmente tenha começado com Nero depois do grande fogo que quase destruiu Roma, em Julho de 64 dC, e continuou até seu suicídio, em junho de 68 dC. Segundo esta visão, portanto, o livro foi escrito antes da destruição de Jerusalém em setembro de 70 dC, e é um profecia autêntica sobre o sofrimento continuo e a perseguição dos cristãos, que tornou-se bem mais intensa e severa nos anos seguintes. Com base em declarações isoladas pelos patriarca da igreja primitiva, alguns intérprete datam o livro perto do final do reino de Domiciano (81-96 dC), depois de João ter fugido para Éfeso.

Ocasião e Objetivo


         Sob a inspiração do Espírito e do AT, João sem dúvida vinha refletindo os acontecimento horripilantes que ocorriam em Roma e em Jerusalém quando ele recebeu a “profecia” do que estava para acontecer— a intensificação do conflito espiritual confrontando a igreja (1.3), perpetrada pelo estado anticristão e numerosas religiões anti-cristãs. O objetivo desta mensagem era fornecer estímulo pastoral aos cristãos perseguidos, confortando, desafiando e proclamando a esperança cristão garantida e certa, junto com a garantia de que, em Cristo, eles estavam compartilhando o método soberano de Deus de superar totalmente as forças do mal em todas suas manifestações. O Apocalipse também é um apelo evangelístico a todos aqueles que estão atualmente vivendo no reino das trevas para entrar no Reino da Luz (22.17)


Conteúdo


         A mensagem central do Apocalipse é que “Deus Todo-poderoso reina” (19.6). Este tema foi validado na história devido à vitória do cordeiro, que é “o Senhor dos senhores e Reis dos reis” (17.14).

         Entretanto, aqueles que seguem o Cordeiro estão envolvidos em um conflito espiritual contínuo e, sendo assim, o Apocalipse fornece um maior discernimento quanto à natureza e tática do inimigo (Ef 6.10-12). O dragão, frustrado por sua derrota na cruz e pelas conseqüentes restrições imposta sobre sua atividade, e desesperado para frustrar os propósito de Deus perante seus destino inevitável, desenvolver uma trindade forjada a “fazer guerra” com os santos (12.17). A primeira “besta” ou monstro simboliza a realidade do governo anticristão e poder político (13.1-10,13). A segunda, a religião anticristã, a filosofia, a ideologia (13.11-17). Juntos, eles forma a sociedade, comercio e cultura secular cristã definitivamente enganosa e sedutora, a prostituta Babilônia (caps 17-18), composta daqueles que “habitam a terra”. Eles, portanto, possuem a “marca” do monstro, e seus nomes não estão registrado no “Livro da Vida do Cordeiro”. O dragão delega continuamente seu poder restrito e autoridade aos monstros e seus seguidores a fim de enganar e desanimar qualquer pessoa do propósito criativo-redentor de Deus.


Forma Literária


         Depois do prefácio, o Apocalipse começa (1.4-7) e termina em (22.21) como uma carta típica do NT. Embora contenha sete cartas para sete igrejas, está claro que cada membro deve “ouvir” a mensagem a cada uma das igrejas (2.7,11,17,29; 3.6,13,22), bem como a mensagem do livro inteiro (1.3; 22.16), a fim de que possam obedecer-lhe (1.3; 22.9). Dentro desta carta está “a profecia” (1.3; 10.11; 19.10; 22.6-7,10,18-19). De acordo com Paulo, “o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação(estímulo) e consolação” (1Co 14.3). O profeta fala a Palavra e Deus como um chamamento à obediência na situação presente e na situação futura imediata, tendo em vista o futuro definitivo. Essa profecia não deveria ser selada (22.10) por ser relevante aos cristão de todas as gerações.


Método de Comunicação


        João recebeu essas profecias de uma série de visões vívidas contendo imagens simbólicas e números que ecoam aqueles encontrados nos livros proféticos do AT. João registra essas visões na ordem cronológica na qual as recebeu, muitas das quais retratam os mesmos acontecimentos através de diferentes perspectivas. Entretanto, ele não fornece uma ordem cronológica na qual determinados acontecimentos históricos devem acontecer. Por exemplo, Jesus nasceu no cap.12, é exaltado no cap.5 e está caminhando em meio às suas igreja no cap.1. A besta que ataca as duas testemunhas no cap.12 não é trazida à existência até o cap.13. João registra uma série de visões sucessivas, e não uma série de acontecimentos consecutivos.

         O Apocalipse é um quadro cósmico— uma série de quadros vivos coloridos, elaborados, acompanhados e interpretados por oradores cantores celestiais. A palavra fala é prosa elevada, mais poética do que nossas traduções indicam. A música é semelhante a uma cantata. Repetidamente são introduzidos temas, mais tarde reintroduzidos, combinados com outros temas desenvolvidos.

         Toda a mensagem é “notificada” (1.1). Há um segredo para a compreensão das visões, todas as quais contém linguagem figurativa que aponta para realidades espirituais em e por trás da experiência histórica. Os sinais e símbolos são essenciais porque a verdade espiritual e a realidade invisível deve sempre ser comunicada a seres humanos através de seus sentidos. Os símbolos apontam para o que é definitivamente indescritível. Por exemplo, o relato de gafanhotos demoníacos do abismo (9.1-12) cria uma impressão vívida e horripilante, mesmo que os mínimos detalhes não tenham a intenção de ser interpretados.


Cristo Revelado


         Quase todos os títulos usados em várias partes do NT para descrever a natureza divino– humana e ao obra redentora de Jesus são mencionados pelo menos uma vez no Apocalipse, que junto com uma série de títulos adicionais, nos fornece uma revelação multidimensional da posição presente, do ministério contínuo e da vitória definitiva do Cristo exaltado.

        Embora o ministério terreno de Jesus seja condensado entre sua encarnação e ascensão em 12.5, o Apocalipse afirma que o Filho de Deus, como Cordeiro, terminou completamente sua obra de redenção (1.5-6). Através de seu sangue, os pecadores foram perdoados, purificados (5.6,9; 7.14; 12.11) liberados (1.5) e fizeram reis e sacerdotes (1.6; 5.10). Todas as manifestações resultantes de sua vitória aplicada baseiam-se em sua obra terminada na cruz; portanto, satanás foi derrotado (12.7-12) e preso (20.1-3). Jesus ressuscitou dos mortos e foi entronado como Soberano absoluto sobre toda a criação (1.5; 2.27). Ele é o “Reis dos reis e o Senhor dos senhores” (17.14; 19.16) e deve receber a mesma adoração que recebe de Deus, o Criador ( 5.12-14).

        O único que é “digno” para executar o propósito eterno de Deus é o “Leão de Judá”, que não é um Messias político, mas um Cordeiro morto (5.5,6). “O Cordeiro” é seu título primário, utilizado vinte e oito vezes em Apocalipse. Como aquele que conquistou, ele tem a legítima autoridade e poder de controlar todas as forças do mal e suas conseqüências para seus propósitos de julgamento e salvação (6.1-7.17). O Cordeiro está no trono (4.1-5.14; 22.3).

         O Cordeiro, como “um semelhante ao Filho do Homem”, está sempre no meio de seu povo (1.9-3.22; 14.1), cujos nomes estão registrados em seu livro da vida (3.5; 21.27). Ele os conhece intimamente, e com um amor incomensuravelmente sagrado, ele cuida, protege, disciplina e os desafia. Eles compartilham totalmente sua vitória presente e futura (17.14; 19.11-16; 21.1-22.5), bem como a “ceia das bodas” (19.7-9; 21.2) presente e futura. Ele habita neles (1.13), e eles habitam nele (21.22).

         Como “um semelhante ao Filho do Homem”, ele também é o Senhor da colheita final (14.14-20). Ele derrama sua ira em julgamento sobre satanás (20.10), seus aliados (19.20; 20.14) e sobre os espiritualmente “mortos” (20.12,15) – todos aqueles que escolheram “habitar na terra” (3.10).

        O cordeiro é o Deus que está chegando (1.7-8; 11.17; 22.7,20) para consumar seu plano eterno, para completar a criação da nova comunidade de seu povo em “um novo céu e uma nova terra” (21.1) e restaurar as bênçãos do paraíso de Deus (22.2-5). O Cordeiro é a meta de toda a história (22.13)


O Espírito Santo em Ação


        A descrição do Espírito Santo como “os sete Espíritos” de Deus (1.4; 3.1; 4.5; 5.6) é distinta no NT. O número sete é um número simbólico, qualitativo, comunicando a idéia de perfeição. Portanto, o Espírito Santo é manifestado em termos de perfeição de sua atividade dinâmica, complexa. As “sete lâmpadas de fogo” (4.5) sugerem seu ministério iluminador, purificador e energizador. O fato de os sete espíritos estarem diante do trono (1.4; 4.5) e serem simultaneamente os olhos do Cordeiro (5.6) significa a trindade una essencial de Deus que se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo. Trata-se de um “habitar “ mútuo de Pessoas sem dissolver as distinções de ser e funções essenciais.

        Cada uma das mensagens para as sete igreja é do Senhor exaltado, mas o membros individuais são incitados a ouvir “o que o Espírito diz” (caps.2-3). O Espírito diz somente o que o Senhor Jesus diz.

        Portanto , o Espírito é o Espírito da profecia. Cada profecia genuína é inspirada pelo Espírito Samto e presta testemunho a Jesus (19.10). As visões proféticas são comunicadas e João somente quando ele está “no Espírito” (1.10; 4.2; 21.10). O conteúdo dessas visões não é nada menos qo que a “Revelação de Jesus Cristo” (1.1).

         Toda profecia genuína exige uma resposta. “O Espírito e a esposa dizem: Vem!” (22.17). Todos ouvem ou se recusam a ouvir esse apelo. O Espírito está operando continuamente em e através da igreja para convidar a entrar aqueles que permanecem fora da Cidade de Deus. Apenas mediante a habilitação do Espírito é permitido que a esposa testemunhe e “suporte pacientemente”. Portanto, o Espírito penetra na experiência atual daqueles que ouvem com antegozo do cumprimento futuro do Reino.


Esboço de Apocalipse

Prólogo 1.1





I. As cartas às sete igrejas 1.9-3.22



O cenário: um semelhante ao Filho do Homem 1.9-20

As cartas 2.1-3.22



II. Os sete selos 4.1-5.14



O cenário 4.1-5.14

Os selos 6.1-8.1



III. As sete trombetas 8.2-11.18



O cenário: O altar dourado 8.2-6

As trombetas 8.7-11.18



IV. Os sete sinais 11.19-15.4



O cenário: A arca do concerto 11.19

Os sinais 12.1-15.4



V. As sete taças 15.5-16.21



O cenário: O templo do testemunho 15.5-16.1

As sete taças 16.2-21



VI. Os sete espetáculos 17.1-20.3



O cenário: Um deserto 17.1-3

Os espetáculos 17.3-20.3



VII. As sete visões da consumação 20.4 –22.5



O Cenário: 20.4-10

As cenas 20.11-22.5


Que Deus nos abençoe a todos, 


Carentes das vossas Orações,


@EGAMINISTRIES

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Compreendendo a Profecia

Profecias Bíblicas 




Muitas pessoas crêem que a profecia bíblica é muito complexa para ser compreendida, então deveríamos apenas deixá-la com os "peritos". Mas a profecia pode ser facilmente – quem sabe devamos dizer prontamente – compreendida quando observada com um pouco de bom senso. A Bíblia não diz que Deus deu as profecias apenas para os teólogos e para os eruditos bíblicos, mas [revelou] "...aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer..." (Apocalipse 1.1). Isso significa que você e eu podemos entender a Palavra Profética de Deus, e Deus espera que a estudemos porque Ele é o autor da profecia. Certamente devemos desejar ler o Seu Livro!

Entendendo a Profecia


A existência paralela da Igreja de Jesus Cristo e a preparação para o reino do Anticristo nesta terra são conceitos padrões pelos quais a profecia bíblica é compreendida.

profecia bíblica, muitas vezes, parece complicada porque deixamos de levar em conta o fato de que algumas partes das profecias já foram cumpridas, enquanto outras ainda estão por ser cumpridas no futuro.

Quando João Batista nasceu, por exemplo, seu pai proferiu profecias específicas, das quais porções ainda não foram cumpridas até o dia de hoje: "Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo: Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometera, desde a antigüidade, por boca dos seus santos profetas, para nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam; para usar de misericórdia com os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança e do juramento que fez a Abraão, o nosso pai, de conceder-nos que, livres das mãos de inimigos, o adorássemos sem temor, em santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias. Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados" (Lucas 1.67-77).

Notamos que muitas partes dessa profecia não foram cumpridas naquela época, nem se cumpriram até o dia de hoje. Vejamos alguns exemplos.

Inimigos de Israel


O versículo 71 diz que Israel se "...libertará dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam". Mas isso ainda não foi cumprido. Aliás, conforme revelam muitas fontes seguras, o anti-semitismo está até aumentando. Veja alguns relatos da mídia:

Os incidentes anti-semitas nos Estados Unidos aumentaram 8% em 1993, havendo um grande crescimento de ataques e ameaças, informou a Liga Anti-Difamação... A pesquisa mostrou que esses ataques, ameaças e molestamentos contra indivíduos ou organizações subiram 23% a mais que no ano anterior... Abraham Foxman, diretor nacional da LAD, disse: "Estamos profundamente preocupados com esse anti-semitismo descarado..." (Reuters, 24/1/1994)

A revista semanal alemã Focus registrou números oficiais que mostraram que no primeiro semestre de 1994 os ataques anti-semitas cresceram mais de 100% na Alemanha, se comparados com o mesmo período do ano anterior. Citando um relato da Agência BKA, da polícia federal, a Focus disse que 701 de tais ataques foram cometidos em comparação com 343 no mesmo período de 1993.

Recentemente, os neonazistas se reuniram em cidades da antiga Alemanha Oriental gritando "Sieg Heil!" e "A Alemanha para os alemães!" (Dispatch From Jerusalem, 12/1994)

Outra Profecia Não Cumprida


Ainda hoje, Israel não serve a Deus. Os judeus estão cegos para o seu Messias, como afirma Romanos 11.28: "Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas".

O sacerdote Zacarias profetizou que Deus haveria "de conceder-nos que, livres das mãos de inimigos, o adorássemos sem temor, em santidade e justiça perante ele, todos os nossos dias" (Lucas 1.74-75).

Sabemos que essa parte do discurso profético dele não foi cumprida até hoje. Eles ainda não foram libertados de seus inimigos, e nem estão servindo a Deus em santidade e justiça.

Os versículos seguintes, entretanto, foram cumpridos naquela época: "Tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos, para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz" (Lucas 1.76-79). Assim sendo, vemos a partir desses versículos que o discurso profético não está limitado ao cumprimento estático, que acontece numa só vez. Esta profecia foi proferida há quase 2000 anos. Parte dela foi cumprida e outra parte ainda aguarda seu cumprimento final.

A Proclamação Messiânica de Jesus


Outro exemplo forte de uma profecia parcialmente cumprida, usado com freqüência pelo Dr. Wim Malgo, fundador da Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, encontra-se em Lucas capítulo 4. Jesus foi a Nazaré e entrou na sinagoga local no sábado. Ali Ele leu as Escrituras para aquele dia: "Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler" (Lucas 4.16). Então o rabi encarregado deu-lhe o livro e Ele começou a ler: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele. Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir" (vv. 18-21).

Que passagem Ele citou? Isaías 61.1-2! Vejamos o que Isaías escreveu: " O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram".



Dá para detectarmos uma clara diferença. Isaías fez essa proclamação de um fôlego: "Apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus..." Mas na sinagoga, naquele dia de sábado, Jesus não leu a última parte desse versículo. Ele simplesmente parou depois de dizer: "a apregoar o ano aceitável do SENHOR..." Fechou o livro, deu-o ao rabi e se assentou.

Depois Ele disse algo extremamente significativo: "...hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir". O Senhor Jesus veio para proclamar salvação. Ele veio para cumprir aquilo que estava escrito a Seu respeito pelos profetas. Ele não veio para executar "...o dia da vingança do nosso Deus..." naquela época. Isso ainda está por acontecer.

A afirmação profética de Isaías compreende a primeira e a segunda vinda de Jesus como uma só. Os 2000 ou mais anos ocultos – entre ‘...o ano aceitável do SENHOR..." e "...o dia da vingança do nosso Deus..." – são a época da Igreja. Somente depois que a Igreja tiver partido para se encontrar com Jesus, "...entre as nuvens...", é que "...o dia da vingança..." terá início.

Medo do Desconhecido


Ao simplesmente reconhecermos que as profecias que citei foram cumpridas apenas parcialmente, o seu significado já fica mais claro. Elas começam a fazer mais sentido. Como crentes, não temos razão para temer, pois

Deus claramente nos diz em Sua Palavra que aqueles que persistem em sua incredulidade terão muito motivo para ficar amedrontados!

Por causa do medo do desconhecido, muitos estão relutantes e deliberadamente evitam tentar compreender as profecias. Ignorar a Palavra Profética, entretanto, não impede que ela seja cumprida. Aqueles que rejeitam a Palavra Profética ou optam por ignorá-la não podem ser informados de, ou preparados a respeito daquilo para o que ela veio. Sem uma clara compreensão da Palavra Profética, temos toda a razão para temer as coisas que virão sobre este mundo. Veja alguns exemplos:


A despeito das melhorias na saúde, ou dos cuidados com nosso meio ambiente, psicólogos, sociólogos e epidemiologistas dizem que podemos muito bem estar vivendo na mais ansiosa e temerosa sociedade de nossa história. Por que estamos tão apavorados – e muitas vezes por coisas erradas? Muitos dizem que as notícias da mídia são as quem têm maior parcela de culpa. A mídia, afinal de contas, dá mais atenção àqueles assuntos, questões e situações que mais assustam os leitores e telespectadores. Assim sendo, quase todo dia, lemos, ouvimos e vemos acerca de algum tipo de ameaça nova à nossa saúde e segurança. (The State, 25/12/1994)

Ao mesmo tempo que podemos admitir que o mundo tem razões legítimas para temer as coisas que estão acontecendo, os cristãos não precisam temer. Nós seremos apenas tomados pelo medo se não estudarmos a Palavra Profética.

O apóstolo Pedro nos dá o conselho correto que, se considerado, não nos levará a temer o desconhecido, pelo contrário, fará nossos corações se regozijarem: "Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração" (2 Pedro 1.19). Ter medo do desconhecido não é justificativa para a negligência. Ao contrário, se uma pessoa ignora a Palavra Profética, ela sentirá medo desnecessariamente e perderá um gozo inigualável que vem do estar completamente envolvido com a Palavra de Deus!

No Lugar Errado, na Hora Errada


Quando nos dedicamos à verdade da Palavra Profética, nós nos encontramos no lugar certo o tempo todo. Isso nos dá segurança absoluta das coisas que estão por vir. Mas, quando descremos da Palavra Profética ou a ignoramos, então estamos em território desconhecido e somos tomados pelo medo.

Permita-me reconstituir uma experiência angustiante que tive quando jovem em Melbourne, na Austrália.

Naquela ocasião, o anoitecer veio rápido demais. Parecia que o dia havia simplesmente se desligado, tornando-se trevas. Ainda mais estranho e amedrontador foi o silêncio quase sepulcral que fez com que eu e meu amigo Dieter tivéssemos um sentimento estranho de que algo estava errado.

"Isso não pode estar acontecendo. Deve ser um pesadelo. Vai cessar no momento em que eu acordar", pensei. Mas era real demais. Ali estávamos, dois imigrantes da Alemanha com 19 anos de idade, sem qualquer conhecimento da língua inglesa, exceto algumas frases que havíamos aprendido a bordo do navio italiano de imigrantes chamado Castel Felícia. O navio navegou durante cinco semanas da Alemanha até Melbourne, Austrália. Uma frase em inglês em particular ficou presa à minha mente, simplesmente porque eu a achava tão boba: "Isto é uma maçã".

Eu percebi que não podia andar pelas ruas da grande cidade de Melbourne com apenas o conhecimento dessas quatro palavras em inglês, esperando me comunicar suficientemente para encontrar um lugar para passar a noite, e menos ainda para encontrar um emprego. Esse era o propósito de irmos de carona para Melbourne, deixando para trás um acampamento seguro de imigrantes, a 240 km de distância. Claro, nós fomos avisados no acampamento de Bonnegilla para não sairmos daquela propriedade. Disseram-nos: "O governo cuidará de vocês. Vocês conseguirão um emprego, aprenderão a língua e ganharão dinheiro". Foi extremamente difícil sermos confortados por tais promessas, porque naquela época os empregos na Alemanha eram abundantes.

Alguém poderia dizer a seu chefe: "Eu me demito!", atravessar a rua e ser rapidamente aceito em outra firma. Portanto, os alertas que nos foram feitos não tinham o mínimo sentido para nós. Por não prestarmos atenção àquelas palavras de alerta, acabamos nos encontrando numa situação difícil, a muitos quilômetros daquele acampamento.

Pensamos que algo estranho devia estar acontecendo na cidade, porque ela parecia abandonada. Jamais poderíamos ter imaginado que era bastante normal para uma cidade australiana estar virtualmente vazia depois das horas de trabalho. Na Europa, as pessoas vivem na cidade, em apartamentos em cima de lojas e escritórios. Mas o centro da cidade de Melbourne era estritamente comercial. Quando chegava a hora de fechar, todos iam para suas casas nos subúrbios, deixando a cidade vazia. E aquele silêncio estranho e amedrontador contribuiu para o nosso desespero. Uma cidade sem pessoas era algo totalmente além da nossa imaginação. "E agora?", nós nos perguntamos. Estávamos perdidos, com fome e praticamente sem dinheiro. Além disso, estávamos desesperadamente precisando de um lugar para dormir. De repente, no escuro dessa cidade estranha, deparamos com um prédio aparentemente vazio. Por sorte, a porta estava aberta. Exceto por alguns ratos amedrontados correndo em todas as direções, nós nos sentimos razoavelmente seguros, até mesmo protegidos, depois de fecharmos a porta. Parecia até um pouco mais quente do que do lado de fora, naquela rua escura.

Entre o lixo, achamos uma pilha de jornais velhos e depois de comermos o nosso último doce, aqueles jornais tornaram-se os nossos cobertores naquela noite. "Amanhã tudo será diferente", pensamos. "Certamente encontraremos um emprego numa construção e as coisas haverão de melhorar". Depois pegamos no sono.

Deve ter sido perto de duas ou três horas da manhã quando o frio nos acordou. Sem problemas. Sabíamos que o calor procura os lugares mais altos, então subimos numa escada parcialmente quebrada para o andar de cima, trazendo conosco nossos cobertores de jornal. Voltamos a pegar no sono.

Passado não muito tempo, entretanto, fomos acordados pelo barulho de um carro, um barulho de que havíamos sentido imensa falta na noite anterior. Estranhamente, o motor parou e a porta do carro abriu e fechou bem na frente do nosso prédio.

Colocamo-nos rapidamente em pé e olhamos pela janela suja. Meu amigo reconheceu um carro esporte britânico, um MG. Nossos corações começaram a bater mais rápido quando a porta no andar de baixo se abriu e alguém entrou. Quase instantaneamente eu procurei por um objeto que servisse para me defender, e o mesmo fez meu amigo. Agora, nós realmente achávamos que as nossas vidas estavam correndo risco.

Os pensamentos passaram em ritmo rápido pela minha mente, acerca das muitas vezes em minha jovem vida que eu havia escapado por pouco da morte. Uma dessas vezes foi em 1944, por exemplo, quando toda a nossa família quase morreu de fome por causa do cerco russo. Mas nós conseguimos vencer, perdendo apenas um membro da família – minha irmã mais nova.

Em outra ocasião, os alemães estavam sendo executados sem mais nem menos pelas forças comunistas que haviam ganhado a guerra. Mas eles pararam com a matança bem próximo do local em que estávamos. Por isso, a essa altura eu estava preparado virtualmente para qualquer coisa. Mas os minutos pareciam uma eternidade.

Nós ouvimos claramente cada passo e esperamos em meio ao suspense os ruídos começarem a subir as escadas. Silêncio – depois o som de jornal sendo remexido. Parecia que o jornal estava sendo jogado nas escadas. O suspense foi tão grande que conseguimos ouvir até o nosso coração bater.

Nós não perdemos sequer o som de um fósforo sendo riscado. De repente tornou-se claro que aquele homem não estava atrás de nós! Ele nem sabia que havia gente no prédio. Tratava-se provavelmente de um incendiário! Quem sabe era o proprietário do prédio que queria queimá-lo para receber o seguro.

Mas, e nós? Deveríamos tentar detê-lo? E se ele tivesse uma arma, nós não teríamos a mínima chance. Poderíamos ser facilmente silenciados – duas testemunhas convenientemente desaparecendo no meio do fogo.

Começamos a sentir o cheiro de fumaça. Agora o nosso desespero aumentou. Se não fizéssemos nada, morreríamos ali, mas se fizéssemos alguma coisa, ainda assim poderíamos morrer. Então o longo silêncio foi interrompido pelo som de passos. A porta se fechou no andar inferior. Que alívio tremendo para nós. Agora estávamos livres para agir. Dieter correu para a janela e viu que o homem havia entrado rapidamente em seu carro conversível, sem sequer usar a porta. Ele ligou o carro e sumiu de vista.

A essa altura eu já havia chegado no andar abaixo e o fogo havia começado a pegar na madeira seca da escada. Nossa decisão seguinte levou apenas segundos... nós apagamos o fogo.

Exaustos, finalmente saímos para o lado de fora do prédio, naquela cidade estranha, contentes por estarmos vivos. Certamente o incendiário deve ter esperado ver fumaça e ouvir o alarme de incêndio, mas em vão, pelo menos naquela noite. Chegamos a considerar deixar o fogo queimar o prédio, mas a nossa presença na cidade, sem dúvida, nos deixaria como prováveis suspeitos. Qualquer policial poderia imediatamente nos identificar como os incendiários porque, afinal, estávamos no prédio. Dois jovens num lugar onde não deveriam estar, não falando praticamente nada de inglês, sem ter dinheiro, teriam sido facilmente vistos como quem começou o fogo para se esquentarem, e que este saiu de controle. Teria sido a pressuposição lógica. Contentes com nossa decisão, agora estávamos cheios de esperança para o dia que estava amanhecendo.

Perdidos em Terra Estranha


Por que eu estou contando essa experiência num artigo a respeito da compreensão da profecia? Faço isso com o propósito de demonstrar que estávamos no lugar errado em hora errada, colocando-nos em situação extremamente perigosa, por assim dizer, navegando em território em que não devíamos estar.

Da mesma maneira, esse exemplo deveria servir para nos lembrar que qualquer pessoa sem Cristo está totalmente perdida, rumo à condenação eterna. A Bíblia afirma que a separação de Deus é para sempre para aqueles que morrem sem Cristo.



Se Dieter e eu simplesmente soubéssemos a língua, nós poderíamos ter perguntado a alguém aonde poderíamos encontrar um lugar para ficar. Nós facilmente poderíamos ter evitado aquela terrível situação em que nos metemos.

Essa experiência se aplica igualmente a qualquer pessoa que deixa de dar ouvidos à Palavra Profética. Tal pessoa anda nas trevas e vive oprimida por um medo que não precisaria sentir.

Segurança Eterna em Cristo


Dê ouvidos à preciosa garantia que a Palavra de Deus nos fornece: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também. E vós sabeis o caminho para onde eu vou" (João 14.1-4).

Não se trata de um anúncio barato, um folheto promocional ou uma propaganda bem elaborada de um shopping famoso. Trata-se da promessa do Jesus Vivo que fez os céus e a terra e tudo o que neles há!

Você é filho de Deus? Então não precisa temer. Leia o livro de Apocalipse, que Deus nos deu para detalhar o futuro.

Deus, de fato, nos dá uma maravilhosa promessa se lermos este livro: "Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo" (Apocalipse 1.3).

O estudo da Palavra Profética, portanto, não é algo insignificante. Não se trata também de algo a ser deixado apenas com os especialistas. Ele é para todo filho de Deus.
RESUMO:

Muitas pessoas creem que a profecia bíblica é muito complexa para ser compreendida, então deveríamos apenas deixá-la com os teólogos e os profetas. Porém não entrarei em detalhes específicos sobre os acontecimentos proféticos, mas me detenho no quando a profecia se cumpre. As três últimas trombetas do Apocalipse são identificadas como ais...

Autor: Arno Froese

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